Acontece assim, o primeiro rapper manda sua rima que tem por objetivo essencial rebaixar o adversário. Ao final, é a vez do outro responder no tom de sarcasmo que supere o anterior. A coisa é bem legal de assistir e eu recomendo. Como nos duelos convencionais, o rapper que se mostrar superior, vence.
O mito de Narciso conta a história de um cara que se achava tão singular que certa vez foi olhar seu reflexo na água e, de tanto querer chegar perto, caiu dentro do lago, morrendo afogado. É assim o rapper que, ao escrever uma letra para seu disco, esquece que não existe mais nenhum adversário a sua volta, mas sim um público afim de ouvir suas idéias. Ele não precisa mais falar de si próprio, nem provar nada a ninguém.
O modelo das rinhas não enaltece o rapper que se dá melhor com as palavras, mas sim o que mais ofende o outro sem perder o caráter. Fica claro que ser bom no freestyle não é o que faz do artista um bom rapper. Se fosse assim, pra fazer uma analogia crassa, os "zé povinho" da vida real (gente que só vê o lado ruim das pessoas e sai por aí difamando Deus e o mundo) seriam grandes e incontestáveis pensadores.
Portanto, minha opinião final é que o freestyle convencional é algo excelente de assistir, exalta a criatividade e o bate-pronto dos rappers. Entretanto, do meu ponto de vista, deveria ser uma escola a mais no rap, e não apenas um celeiro de personagens genéricos. Pois o que se vê é que isso acaba criando músicas narcisistas que não enxergam muito além do próprio umbigo a realidade que tanto prega o rap. A rinha de MCs é um lugar único para exercitar a mente, sem dúvida, mas isso não vale de nada se, ao sair dali, o Narciso que existe em cada artista só reclama dos outros e exalta a si próprio.
Se a batalha de MCs é realmente fantástica como eu também acredito, seria mais vantajoso para a cultura e para o próprio artista o lançamento de discos com duelos ao vivo - e porque não - na própria Rinha de MCs. Fica a dica!
3 comentários:
muito bom tru
....salve salve
tamo junto no corre mannnn
é nóis!
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