Os livros de agosto

por Robson Assis | | 8.9.10 3 Comentários

Os sofrimentos do jovem Werther, Goethe, 1774 - tragédia romântica clássica, Werther é um homem entregue aos delírios do amor por uma mulher intangível, sensata e talvez pouco honesta acerca de seus sentimentos. Através de cartas do protagonista, o autor descreve a vida tediosa de um homem que vai até as últimas consequências, mesmo ciente da impossibilidade de ter para si a mulher de seus sonhos. Fácil leitura, grande livro, angustiante e claustrofóbico conforme o desenrolar da história. Nas páginas finais - e isso é um detalhe que gostei muito nessa coleção da Abril - tem um pequeno resumo sobre a época em que a obra foi lançada, em que circunstâncias, sobre a vida do escritor, além de fotos e ilustrações originais da época do autor e familiares. Um posfácio classe.

Mensagem, Fernando Pessoa, 1934 - Mensagem foi o último livro de Fernando Pessoa, o que carrega a célebre frase "tudo vale a pena se a alma não é pequena" e muitas outras também memoráveis. O único livro publicado em vida pelo autor, foi lançado um ano antes de sua morte. Um livro ufanista, que exalta Portugal até não poder mais e reúne o melhor de todos seus heterônimos, um livro que retoma a fé do autor em Deus. Um livro para releituras semanais, sempre que preciso. Também da coleção de Clássicos da Abril, segundo livro que leio. Recomendável tanto para os amantes da boa literatura quanto para os que não sabem por onde começar. E eu nunca sei por onde começar.

O Abusado - O dono do morro Dona Marta, Caco Barcellos - A biografia romanceada de Marcinho VP, um dos maiores e mais comunicativos traficantes cariocas. Mais do que isso, neste livro Caco Barcellos descreve uma cronologia do crime organizado nos morros do Rio de Janeiro. Um livro reportagem, uma biografia, um estudo sociológico, não importa. O Abusado é, sem dúvida um livro excelente e de perfeita fluência para ler dentro do coletivo, por exemplo. Uma das resenhas que li sobre o livro, dizia algo como "para entender o tráfico de drogas é preciso entender os criminosos", mas considero esse um pensamento superficial. Pode-se entender os crimes e as inflexões sociais da pobreza e da miséria através de uma história tão completa e reveladora quanto esta, mas não se pode medir tudo o que acontece em um lugar onde não se vive. O livro é instigante, violento e necessário. Torcer pelo lado certo da vida errada, onde o antagonista é o personagem principal é a receita para uma obra desta grandeza.

Ratos e Homens, Jonh Steinbeck, 1937 - Uma história trágica entre dois amigos de infância que viviam juntos, trabalhando em fazendas com o sonho de juntar dinheiro e adquirir suas próprias terras. Contrastes entre força, inteligência, oportunismo e ingenuidade. Uma história pesada, pra não dizer triste e premeditadamente infeliz. Um ótimo livro, mas não posso dizer o melhor de Steinbeck sem antes ler As Vinhas da Ira. Além de tudo é pocket, curto, rasteiro, eficaz. Outra coisa: Lembrei que o Sawyer lia esse livro em alguns capítulos de Lost.