A Fábrica de Sangue de Danny Devitto

por Robson Assis | | 28.7.09 COMENTE!


O site The Blood Factory, de Danny Devitto lançado na Comic Con, é uma dessas grandes e brutais obras que ninguém admira e que acabam despercebidas. É um site com curtas de horror. Sim, horror, filme B. Não terror, não existe ninguém te assustando, existe sim a morte, a decapitação, o sangue, "ou coisa que o valha" para citar o inexistente Salinger.

Além de todo o sangue, pra mim os curtas são pequenos excertos sobre a socidade atual, sobre como somos podados, alienados e desprezíveis. O fato é que, neste tipo de filme, você vê o vegetariano se transformando numa espécie de Hannibal e uma destemida crente assassinando um homem pelo seu crescimento espiritual.

Como sei que pouca gente curte esse tipo de coisa, fica apenas como dica de um ex-viciado em Contos da Cripta, nas tardes da Band.


Cárcere - Herói

por Robson Assis | | COMENTE!

Isto é apenas um teste para podcast ou publicação de arquivo de áudio. Sim, ainda sou maluco por esses widgets e hacks para blogger. Este foi pego no já finado Johnny Rox, mas caso ele saia do ar em 2010, você também pode ver no Compender, o original.

Herói. Esta música foi gravada em 2008 com meu grande amigo Leandro "From Hell" Andrade, em nosso projeto para uma banda de metal experimental que se chama Cárcere e deu uma estagnada pouco depois que lançamos esta música. A banda ainda existe e não vamos desistir dela, o fato é que a vida, algumas vezes, nos leva em caminhos diferentes, e nem por isso ruins. A letra desta canção - se é que eu posso chamar de canção - trata de uma nova ordem, da sociedade do século XXI, amedrontada e sufocada em seus próprios sistemas.

HERÓI
Cárcere

Caminhando sobre escombros
Vítimas de uma omissão fascista
Canibalizam as suas almas
Opressão deflagrada entre iguais.

Nossas mãos saangram, se enfurecem
Punhos cerrados contra o liberalismo homicida
A favela não pode pagar o preço
Por suas ambições egoístas.

Sepultaram nossos sonhos sobre mentiras e alienação
Semearam em nós a miséria, nos sujeitaram à escravidão
Malditos foram aqueles que rejeitaram a desigualdade
É hora de reagir, trazer à tona nossas verdades.

Um exército se ergue sobre instituições fracassadas
Não haverá mais quem se renda à ordem, às desgraças

Seja sempre seu herói. (4x)









E funcionou!

Saudades da chuva

por Robson Assis | | 20.7.09 1 Comentário

Certos dias, como os de hoje, me sinto preso em um estilo de vida que não é o meu, aquilo que o garoto de 15 anos trata como "refém do sistema". É uma escravidão não-declarada, formas de humilhação gratuitas que arrumaram me pagando alguns salários que preciso para sobreviver. E eu já não sei o que é viver. Nestas horas o descaso que tenho por mim mesmo e a frustração de ter que ouvir meu chefe rosnar por assuntos irrelevantes é maior do que qualquer felicidade que já tenha vivido. É como voltar no passado, lendo José de Alencar enquanto os garotos brincavam de médico e se divertiam nas festas. Eu preferia a chuva e a rede. Lembro de forma clara como a chuva daquele dia. Eu olhava o rio, na casa da minha tia, e segurava a história da índia Iracema sobre o peito. Hoje eu tenho uma dor terrível no estômago, mais cabelos brancos do que o normal para alguém de minha idade e contas a pagar que me transformam num nóia do sistema, alimentando cada vez mais a corda que o enforca. E minha mente grita: "Você não quer voltar aqui, por que ainda o faz?"... Meus olhos marejados não conseguem esquecer aquela chuva, aquela rede e aquele livro.

"Escolha uma vida, escolha um emprego..."

por Robson Assis | | 19.7.09 1 Comentário

A noite de domingo se cala. Entra uma estranha sensação de voltar à 'normalidade'. Destas duas horas da manhã vai demorar pouco para os coletivos se superlotarem, os horários de pico torrarem a paciência de senhoras que dirigem mal e taxistas bigodudos impacientes. À luz alaranjada desta noite escrevo isso olhando a vila lá embaixo, alguém de capuz que atravessa a rua fumando um cigarro. Uns amigos estavam numa quermesse e provavelmente vão acordar de ressaca amanhã. Eu não. Me esforço pra ser alguém melhor pra mim mesmo, começando por me afastar de certas noites perdidas.

Considerações quase indo dormir
Não tem nada na TV. É dia do amigo. São cinco cigarros apagados no cinzeiro e um aceso. Clemente dá uma entrevista para a Funérea na MTV. A MTV passa umas maratonas de programas imbecis e tão engraçados quanto a Turma do Didi. É, isso foi uma piada.

Pra fechar o fim de semana um pouco de Trainspotting, Iggy Pop e alienação:
"Escolha uma vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira, uma família. Escolha uma televisão grande, máquina de lavar, carros, CD Player, abridor de lata elétrico. Escolha saúde, colesterol baixo, seguro dentário. Escolha prestações fixas para pagar. Escolha uma casa. Ter amigos. Escolha roupas e acessórios. Escolha um terno feito do melhor tecido. Se masturbar domingo de manhã pensando na vida. Sentar no sofá e ficar vendo televisão. Comer um monte de porcarias. Acabar apodrecendo. Escolha uma família e se envergonhar dos filhos egoístas, que pôs no mundo para substituí-lo. Escolha um futuro. Escolha uma vida."


Quando o 'Carpe Diem' não funciona

por Robson Assis | | 1 Comentário

Adilson se sentia sozinho. 36 anos, morador incólume e pouco notável de um bairro marginalizado no subúrbio de São Paulo, cidade onde nasceu. Sua família não lhe dava a mínima, tal qual seus amigos e conhecidos do trabalho. Passava noites em claro à beira da janela de seu pequeno apartamento numa COHAB como qualquer outra.

Saía cedo, ainda que com a mordomia de não ter que pegar ônibus, pois tinha seu chevette 78, com vidros escuros, bancos reformados, lá pelo 19º dono. Ao chegar, um pingado e um pão na chapa, a lei de todo frequentador assíduo de padaria. Aquilo era seu último contato com o dia claro. Dentro da empresa de contabilidade em que trabalhava até às oito da noite era apenas o assistente de almoxarifado.

Sua rotina o mantinha numa ode ao fracasso que certa hora ia estourar seu cérebro.

O ano novo caía num sábado. Chamou todos os parentes próximos, mandou convites personalizados com o dinheiro que vinha juntando para a comemoração. COnvidou também seus colegas de trabalho, o pessoal do bairro, ia ser um churrasco e tanto na casa de sua mãe, dona Clara. Comprou tanta carne e bebida que no mercado perguntaram se estava abrindo um bar, restaurante ou coisa parecida.

Aquilo talvez servisse de apoio à sua já permanente decadência, talvez trouxesse de volta, ou mesmo o deixasse num estágio em que poderia engrenar sua ascensão à felicidade que não acreditava.

No final, apareceram dois tios, um amigo próximo e três vizinhos no final da noite, bêbados, sem graça e sem destino, que ficaram apenas pela quantidade de bebida que havia na casa.

Revoltado, tentou devolver suas compras, sem sucesso. Fez um estoque em sua casa. Um novo ano que começou deprimente e estático. Os dias pareciam mais longos e sua vida cada vez mais vazia. Havia perdido algo, em algum ponto de sua vida que jamais iria recuperar. Passou a falar pouco, rir pouco e começou a nutrir uma fobia pela sociedade e por todas as pessoas que o rodeavam.

Não demorou a iniciar suas tentativas de auto destruição. Bebia como nunca, trocou a padaria por um baseado e uma carreira de cocaína antes do serviço. Viu que precisava ser mais drástico e certo dia, passou de seu local de trabalho, seguiu com o carro até a rodovia dos bandeirantes.

Bebendo conhaque na garrafa, ele jogou seu carro no meio fio, passando para a outra pista, seguindo na contramão por outros três quilômetros, quando puxou o freio de mão e rodopiou na pista. os carros tentavam desviar. Ele parou desacordado, no meio fio, com metade do veículo ainda na pista. Um caminhão não conseguiu brecar e bateu em sua traseira, causando ainda mais danos.

Acordou dias depois num hospital público de uma outra cidade. Por pouco não havia morrido. Os médicos alegaram múltiplas fraturas, inclusive no crânio, mas nada que comprometesse sua vida ou sua salubridade, ele parecia ter mesmo dado muita sorte. Desapontado, olhou para o teto e perguntou a Deus se não podia sequer morrer por sua própria vontade. Uma enfermeira entrou e o viu acordado, chamou um doutor que o analisou e minutos depois o deixou novamente sozinho no quarto.

Sem mais o que pensar, sem forças para continuar, sabia que sofreria uma acusação de tentativa de homicídio culposo, isso se ninguém houvesse morrido. O fato de poder estar preso ou internado, de certa forma o reconfortou. Sua mãe entra na sala, acompanhada de sua irmã mais nova, que morava em Minas Gerais.

Adilson se esforçou para pegar a mão de sua mãe e confessar que não tinha mais sentido sua vida sem ninguém ao seu redor. As pessoas se afastaram, ele se afastou e confessou viver num verdadeiro abismo de solidão em seu apartamento, em sua rotina. Não sabia quem poderia ajudá-lo, não sabia quem mais se importava.

Sua mãe, chorando, saiu do quarto. Dirlene tentou o consolar dizendo que ele estava completamente errado e que não havia motivos para pensar nisso, dizia que podia provar. Sua mãe abriu as portas de seu quarto. Ele viu entrar praticamente toda sua família de São Paulo e quase todos os primos e sobrinhos mineiros. O pessoal de sua empresa não trabalhou para ir ao hospital visitá-lo. Chorou ao ver muitos de seus vizinhos no fundo da sala de espera, se espremendo no canto do chão.

E ele finalmente conseguiu sua festa de ano novo, dentro de um hospital, num bairrozinho qualquer, de uma cidadezinha qualquer.

#pequenasdesgraças

por Robson Assis | | 8.7.09 COMENTE!

Uma das vésperas de feriado mais exaustivas do ano. Talvez porque eu venha trabalhar amanhã, talvez só porque eu não aguento mais fazer parte de um bando de funcionários-sombra, que não são vistos pela direção e o único plano de carreira que possuem os afasta de qualquer tema que tenham estudado na faculdade. Bom, é só uma véspera de feriado, eu vou para o bar encontrar amigos, ouvir canções melhores e esquecer essa pequena desgraça rotineira.

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Now playing: food 4 life - sem sonhar
via FoxyTunes

O melhor amigo de seu pior inimigo

por Robson Assis | | 1.7.09 COMENTE!

Resumo da opereta macabra: Três amigos se juntam com um pedaço de pau e matam um cachorro à pauladas. Sim, violento, imoral e desumano assim. O vídeo, por um incrível plus de sabedoria foi parar na internet, no perfil de Gabriel Terra de Araújo, mas foi retirado do ar provavelmente pela quantidade de comentários ofensivos. O blog Garotas Nerds tem todo o suporte para denunciar os integrantes do vídeo, a quem se interessar. O cara mata um cachorro, exibe o pedaço de pau ensanguentado, enquanto dá risada e acende um cigarro. Impressionante a que escabroso ponto chega a irracionalidade dos seres humanos.

Covarde matando um cão a pauladas.