Dois lados podres da moeda

por Robson Assis | | 29.7.08

Sobra a eles a rua vazia e um caos que atordoa a mente. O pai deitado sobre o asfalto parece dormir sobre um tapete de sangue. Os policiais chamam reforço e saem em disparada. Quando Neguinho e Biriba tentam entender chega outra viatura. Dois homens fardados chutam a fechadura com força. Estão conseguindo, até que a porta cede. Apontam as armas em suas cabeças, chutam os dois irmãos abraçados para o canto do cômodo. Eles tremem e continuam de olhos fechados, mais unidos do que jamais foram. Ouvem os policiais que derrubam os móveis, viram a casa de ponta cabeça e vão embora. Crescem com aquela cena na cabeça. "Policial não presta". O que a mente humana reserva para dois garotos traumatizados com órgãos de segurança, além de nascidos em bairros periféricos, nunca vamos saber. Quem vai se salvar? Os meninos, com estudo, trabalho e esperança, contrariando o sistema que lhes ignorou desde o início? Ou a socialite rendida dentro da mansão, chorando com uma arma apontada na cabeça? Os índices de violência provam: O futuro reserva mais riscos do que oportunidades.

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