Os contadores de história do rap

por Robson Assis | | 5.1.11

O rap, declaradamente, é um estilo musical que preza pela mensagem que deve ser passada com poucos desvios, que deve ser entendida para reflexão, para melhoria de vida, pela esperança e outras consequências imediatas ou futuras. Só por esse quesito já se torna um estilo diferente dos outros quanto às formas de composição, uma vez que o desafio do compositor é tocar seu público com uma mensagem de valor.

É preciso acima de tudo libertar, mostrar o caminho para desvencilhar o público do comum, do mastigado, é preciso incitar a reflexão. Uma das grandes premissas para o rap é conseguir público através desse intuito. Tirar o moleque da rua, tirar o bandido da criminalidade, afastar os estereótipos criados para que um pobre não tenha direito. Está mais em oferecer um tipo único e inexplicável de auto estima ao povo da periferia.

Acima de tudo isso, de toda rima panfletária, manifesto ou debate, existe o storytelling, o ato de contar histórias com começo, meio, fim e uma 'moral da história' bem definida. Um poeta que consegue unir todos esses parâmetros para uma música é que realmente cria os clássicos.

Em 1999, aliado G do grupo Face da Morte cantou em 'A Vingança' a história de uma empregada doméstica que havia sido estuprada pelo filho do seu patrão, tendo em seguida seu próprio filho, que cresceu sem saber quem era o pai e teve fácil acesso até a criminalidade. A história gira até o ápice em que ele encontra seu pai na empresa em que vai assaltar a empresa de seu próprio —e desconhecido— pai: 'ahn? nem quero mais seu dinheiro, seu sangue é meu pagamento, vou cumprir meu juramento e vingar minha mãe'.

Roberto Carlos Ramos, do filme O Contador de Histórias
A composição de músicas com histórias não é invenção do rap, mas isso já era de se imaginar. Em 'The Day the Music Died', de 1971, Don Mc Lean canta sobre o trágico acidente aéreo que levou de uma vez Buddy Holly, Ritchie Valens e J. P. "The Big Bopper" Richardson. Outro exemplo clássico a ser citado é a história do boxeador Rubin "Hurricane" Carter, preso injustamente por assassinato. Nas palavras de Dylan, da clássica 'Hurricane': 'a história do Furacão, o homem que as autoridades acabaram culpando por algo que ele nunca fez. Colocaram-no numa cela, mas ele poderia ter sido o campeão mundial'. Bob Dylan e a história da country music americana, sem contar os inúmeros exemplos brasileiros de MPB e música sertaneja, até o Forró de Luiz Gonzaga estão repletos de canções que contam histórias belas ou tristes.

As histórias com base na realidade são sempre mais tocantes e incisivas, pois tratam não apenas de idéias e especulações ideológicas, mas de fatos sociais, de causos rotineiros. O rapper Ogi, integrante do grupo Contra Fluxo, que deve lançar seu primeiro disco solo 'Crônicas da Cidade Cinza', em março deste ano, volta toda a temática de suas letras em contar histórias. Algumas músicas já demonstram todo seu poder de englobar em suas músicas verdadeiros contos e criar personagens distintos e cheios de vida em cada uma de suas músicas.

Mais do que uma categoria, contar histórias traz a vida mais próxima à música e as pessoas mais envolvidas como parte do processo de criação. Uma vez que todos somos personagens nesta cadeia de eventos que chamamos de vida, a música serve como um grande espelho onde se encontram todas as histórias que ajudam a montar o quebra cabeça e desvendar a sociadade em que vivemos.

Um comentário:

wajihahjadwiga disse...

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