Quando Éramos Reis conta a história de Muhammad Ali, um dos maiores atletas de toda a história da humanidade |
Conheci a figura de Muhammad Ali ao ver pela TV aquela Olimpíada em que ele acendeu a tocha, ovacionado por todo o estádio ao qual não consigo me recordar agora. Já era um senhor e portava com óbvia tristeza e marcas de superação o seu Mal de Parkinson. Esta semana, o Telecine Cult transmitiu o documentário Quando Éramos Reis, de 1996, sobre a luta do século entre Ali e George Foreman, que aconteceu no Zaire (atual Congo), em 1974.
O vídeo é baseado na história da luta, primeira organizada pelo polêmico Don King, embora o roteiro seja mais centrado em Ali. Amigos, parentes e jornalistas falam sobre o pugilista com a fidelidade que só compete a testemunhas oculares, comentando seus trejeitos espalhafatosos, embora carismáticos e suas frases soltas sempre (ou em grande parte das vezes) provocativas, quando não políticas e panfletárias.
Em meio a uma América do Norte separada pelo apartheid, Cassius Clay (nome real do lutador) enfrenta principalmente a mídia esportiva que o ridicularizava em comparação ao até então campeão mundial George 'brutamontes' Foreman; e as forças armadas com a qual teve de se explicar por ter se negado a participar da Guerra do Vietnã.
Já em solo Africano, Ali encontra uma multidão e se torna ídolo imediatamente, ao entrar em contato mais próximo ao povo local, fazendo uma multidão gritar 'Ali, bumaye' que significa algo como 'Ali, mate-o'. Em um trecho, um africano comenta que Foreman, mesmo sendo mais negro que Ali, representava o povo branco norte-americano, talvez por seu distanciamento, seu caráter recluso e seu comportamento de celebridade. O fato é que Ali, ao se misturar na multidão, se tornou representante de seus fãs africanos apenas por seu carisma e cumplicidade.
Uma das cenas mais tocantes do vídeo é quando, após ter vencido a luta (pronto, contei, mas você já devia saber) Ali diz que aprendeu muito com o povo africano, e uma de suas citações não gravada, mas dita no dia seguinte à luta e comentada por um dos jornalistas, me chamou a atenção. Ali disse algo como: 'Povo africano, na América, não somos tão bons quanto vocês. Alguns de nós somos ricos em Nova York, mas vocês tem uma dignidade em sua pobreza que nós não temos. Nós somos mimados na América, nós perdemos o que vocês têm aqui na África'.
Quando Éramos Reis mostra todos os lados daquele que é considerado o maior pugilista - e, por que não, atleta - de toda a história. De atleta e popstar carismático com a humildade de um verdadeiro rei, até seus inflados discursos, sejam eles egocentristas ou políticos, Muhammad Ali mostra porque deve ser lembrado durante muitas gerações.
O vídeo está disponível em oito partes no Youtube, sem legendas, pra quem quiser se arriscar.
2 comentários:
Argumento definitivo pra fazer você assitir o doc: a trilha sonora conta com The Spinners, James Brown e B.B King, que tocaram ao vivo no evento. De arrepiar.
Esse filme é porrada!
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