Música Boa, Poltronas Vazias

por Robson Assis | | 7.12.09

Na semana passada tive a oportunidade de ver dois grandes shows internacionais com público pagante incrivelmente abaixo do esperado (do meu ponto de vista, é claro). Ficam aí minhas considerações sobre as apresentações, uma delas mundialmente consagrada, outra conhecida por um público mais restrito. São contrastes de estilos e gostos, mas deu pra separar algumas conclusões sobre o fato de que show é show em qualquer lugar, seja os Beatles no Carneggie Hall ou o Cólera no Tendal da Lapa.

THE BEACH BOYS @ Credicard Hall, 02/12/2009
Na quarta-feira (02) aconteceu em SP o show de comemoração aos 40 anos do disco Pet Sounds, segundo melhor disco de todos os tempos de acordo com a lista da Rolling Stone gringa, perdendo apenas para Sgt Pepper's Lonely Heart, dos Beatles, mas isso dá um outro post com toda a discussão.

Galera na frente do Credicard Hall, sem aglomeração, pouca fila, seguranças gentis (talvez pelo fraco movimento). Entramos e pegamos os lugares marcados. Com casa vazia, a organização do evento liberou as poltronas no piso térreo. Pista lotada, ainda ficaram lugares vagos e muita gente lá em cima! Tudo pronto, banda no palco, para uma das melhores apresentações que vi na vida.

Iniciaram o show com um medley de Catch a Wave, Hawaii, Do It Again, Surf City e Surfin Safari e tocaram um repertório escolhido a dedo, com a competência que só uma banda histórica que emplacou hits durante décadas pode ter.

A apresentação seguiu e casais começaram a dançar o surf music ao lado do palco, num clima bem anos 60 para o auge da apresentação, quando o set list começou a mesclar canções do Pet Sounds como Wouldn't it be nice, God Only Knows e Sloop John B, que emocionaram muita gente, acompanhados ainda da fantástica Good Vibrations, com um espetáculo de luzes não menos instigante.

Foi um show tão espetacular como eu esperava e mais mágico do que eu poderia imaginar.

SAMIAM @ Hangar 110, ontem 06/12/2009
O Hangar 110 sempre teve uma história que se confundiu com a história do hardcore nacional. Afinal, foi lá que apareceram muitas bandas boas e promissoras, que hoje, inclusive, garantem seu espaço no maistream e outras que optaram a vida livre e desprendida da música independente.

Era um domingo, de tarde, a rua Rodolfo Miranda cheia, mas não lotada. O ingresso de R$ 60 era muito pra ver uma banda da california que já havia visitado o Brasil antes? Pode ser um motivo. Parei na frente, vi alguns rostos conhecidos e entrei lá pelas 19h. Pouco depois, entra no palco o First Driven, banda legal, que me lembrou Foo Fighters, Hot Water Music e até Samiam mesmo.

Na sequência, ZANDER. E escrevo em caixa alta pois era uma banda da qual eu não esperava tanto e que me surpreendeu como poucas bandas até hoje. Riffs pesados, guitarras numa harmonia brutal e o vocal do Noção de Nada, que dispensa adjetivações. Depois de um tempo indo em shows e frequentando a cena, você entende quando os integrantes de uma banda estão tocando aquilo que gostam e acreditam apenas por vê-los tocar.

Pra finalizar a noite, SAMIAM. Banda da California, tocando o hardcore classe que nasceu e se consagrou por lá. Faz lembrar garotos andando de skate naquele sol, a praia ao fundo e a sensação de poder esquecer o mundo que nada mais importa. Era exatamente esse o clima do show.

Uma boa parte do set list não tinha como errar. Sucessos do Astray, o melhor disco, seriam cantados em coro. Assim se passou com Mexico, Dull e até a lenta Mud Hill. O hit Sunshine foi também alucinante como eu esperava e seria a melhor do show, não fosse um dos stage divers subir no palco e tentar cantar o refrão todo desafinado, roubando o backing vocal do baixista.

Samiam finalizou o show mostrando porque se tornou uma banda referência para o hardcore melódico mundial, com riffs de guitarra marcantes e uma musicalidade muito mais que verdadeira.

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