Existe um homem dentro de mim que diz para largar meu trabalho, deixar minha garota, partir de mochila para algum lugar desconhecido, conhecer uma pessoa tão incrível alguém que jamais iria me esquecer, beber com velhos senhores contadores de histórias, trabalhar num pasto e dormir num estábulo, enquanto construo um cômodo pra mim na fazenda de meus senhores. Beber de noite com eles, num bar local, com música local e rostos locais.
Existe um homem dentro de mim que diz para eu roubar uma loja de armas e seguir para o Congresso, derrubar aquele símbolo de podridão, chocar a burguesia onde ela menos espera, no seu seio. Pouco me foder se eles são pais de família, viúvos, noivos ou se representam algo para alguém. Não acredito em ninguém de terno e gravata. E isso nunca vai mudar.
Existe um homem dentro de mim que pede esmola, sentado no centro, sorrindo a qualquer gesto afável que me oferecem. Um homem que dali, só se levanta ao meio-dia, come algo no bar da esquina, mesmo com olhares incrédulos e opressores daqueles que não se enxergam, mas de longe parecem tão miseráveis quanto eu.
Existe um homem que pede por liberdade, por uma vida simples e justa, para si e para os seus. Um homem que não compreende como seres humanos podem viver em harmonia com tanto rancor aprisionado em seus peitos. Que não acredita num mundo melhor só porque o representante nacional do Mc Donalds doou 500 mil reais para uma instituição de caridade que eu nunca vou conhecer.
E, por outro lado, existe um homem que sou eu.
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Um comentário:
E aí Robas, suave? Muito obrigado pela indicação, sou leitor daqui e com orgulho. Levando em consideração que também não confio em homens de gravata, resolvi que é hora de fazer aquele convite que sempre pensei em fazer, mas não fiz ainda não sei porque. E aí Robas, tá afim de mandar umas palavras pro sindicato? Ou seja, quer se sindicalizar? Seria um prazer ter vc por lá, pense bem na proposta.
Grande abraço!
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