Em 2008, o programador Vinicius Kmax causou uma pane na edição Brasileira da Campus Party, evento anual de tecnologia que acontece em vários lugares do mundo. A reação dos organizadores foi menos sadia que a intenção da brincadeira. Kmax foi repreendido e, inclusive, processado pela Telefônica, alvo do "ataque".
Dois anos mais tarde, a mesma Campus Party ainda patrocinada pela mesma empresa convidou para uma de suas palestras Kevin Mitnick, ex-hacker norte-americano que roubou dados de grandes empresas como Nokia e Motorola e que hoje trabalha como consultor de segurança. Não vou julgar o assunto, uma vez que o Gravataí Merengue escreveu esse excelente texto sobre a ironia contida em tudo isso.
Mesmo Brasil, mesmos anos e praticamente a mesma história. O grupo que atacou o vão livre da Bienal em 2008, entra pelas portas da frente do evento. Ainda marginalizada, pouco entendida e desvalorizada, a pichação faz parte da programação da 29ª Bienal de São Paulo como ponto focal de discussões sobre arte e política, exatamente pela subversão da ordem ocorrida em 2008, que ganhou destaque após a prisão da gaúcha Caroline Pivetta da Mota.
Em entrevista ao IG, o pichador Djan Ivson, um dos responsáveis pela ação de 2008 afirma que "a luta na realidade é de legitimar a pichação como cultura brasileira, mas sem tirar nada da essência dela".
Os dois casos tratam de falta de aceitação e oportunidade, repudiados com ações drásticas e julgados de maneira antiquada dados os seus meios (internet e arte). Tanto na história de Kmax quanto na dos pichadores, fica claro que a evolução de pensamento seja de quem patrocina, divulga ou simplesmente aprecia determinado assunto depende também de alguns equívocos que resultem numa visão mais panorâmica da realidade e na ampliação do pensamento.
(R)evolução é uma coisa
por Robson Assis | tags bienal, campus party, critica, kmax, pixo | 15.6.10 COMENTE!
Mano Brown, Jorge Ben, Zegon, Ganjaman, amém
por Robson Assis | tags jorge ben, mano brown, nike, umbabarauma | 14.6.10 2 Comentários
Começo este texto dizendo que corro o risco de passar por fã.
Tem essa parada. Gosto mais dos raps gringos que levam ao passado com bases de violino ou acústicas, com backing vocals gospel, sem o carrasco do auto-tune, sem as batidas chapadas de efeitos eletrônicos. Aquela música que faz você lembrar de 2Pac, Notorious, Wu-Tang Clan e Ruff Riders.
Em comparação, os raps nacionais têm o mesmo efeito quando são misturados à música popular de qualidade. Faz você se sentir a vida sendo contada por gerações diferentes do mesmo universo.
Mano Brown, sua rima, sua levada e sua voz são patrimônios históricos da música brasileira. Tais quais os acordes de Jorge Ben, os refrões vívidos e suas eternas vocalizações. Sem contar com a produção de Daniel Ganjaman e DJ Zegon.
E a Copa do Mundo sob seus pés.
É, passei por fã.
Tem essa parada. Gosto mais dos raps gringos que levam ao passado com bases de violino ou acústicas, com backing vocals gospel, sem o carrasco do auto-tune, sem as batidas chapadas de efeitos eletrônicos. Aquela música que faz você lembrar de 2Pac, Notorious, Wu-Tang Clan e Ruff Riders.
Em comparação, os raps nacionais têm o mesmo efeito quando são misturados à música popular de qualidade. Faz você se sentir a vida sendo contada por gerações diferentes do mesmo universo.
Mano Brown, sua rima, sua levada e sua voz são patrimônios históricos da música brasileira. Tais quais os acordes de Jorge Ben, os refrões vívidos e suas eternas vocalizações. Sem contar com a produção de Daniel Ganjaman e DJ Zegon.
E a Copa do Mundo sob seus pés.
É, passei por fã.
Os livros de maio
por Robson Assis | tags leituras, livros | 2.6.10 3 Comentários
Leite Derramado, Chico Buarque - Um livro de lamentos. Segunda obra que leio deste autor e como no best seller Budapeste, ao final, chego à sensação de ter lido uma letra de música contada em diversos capítulos. Uma leitura rápida, recomendável e simplista. A história de um senhor internado em um hospital, que relembra fatos de sua infância e adolescência, o poder quase imperial que era designado aos membros de sua família em tempos mais remotos. O grande trunfo é contar histórias através da visão burguesa de um velho à beira da morte, cuja consciência lhe oferece um grande combate afim de não se repetir ou contradizer. A frase mais marcante deste livro: "Se com a idade a gente dá para repetir casos antigos, palavra por palavra, não é por cansaço da alma, é por esmero". Vale a leitura casual, esperta e despretensiosa deste grande autor.
Olho de Gato, Margareth Atwood - Ao receber um convite para ser homenageada em Toronto, no Canadá, cidade onde foi criada, a pintora Elaine Risley começa a refazer toda a trajetória de sua vida por meio de recordações da infância, adolescência até a maturidade. A relação estreita e confusa com seu irmão aficcionado por ciência, seu pais que não cumpriam o papel de maneira significativa como ela via em outras famílias até a amizade com Carol, Grace e Cordelia, amigas de infância, que impunham restrições e pesados jogos psicológicos sempre que podiam. No meio deste embaralhado contexto de convivência pessoal, a protagonista passa a formar uma consciência sólida controversa e baseada naquilo que aprendeu a esquecer. Suas amigas passam, com exceção de Cordelia, amiga que Elaine leva consigo, ao menos em pensamento. Uma história bonita, sobre amadurecimento, mas principalmente, sobre a forma que as pessoas e situações de nossas vidas têm numa visão enriquecida pelo início da velhice.
Olho de Gato, Margareth Atwood - Ao receber um convite para ser homenageada em Toronto, no Canadá, cidade onde foi criada, a pintora Elaine Risley começa a refazer toda a trajetória de sua vida por meio de recordações da infância, adolescência até a maturidade. A relação estreita e confusa com seu irmão aficcionado por ciência, seu pais que não cumpriam o papel de maneira significativa como ela via em outras famílias até a amizade com Carol, Grace e Cordelia, amigas de infância, que impunham restrições e pesados jogos psicológicos sempre que podiam. No meio deste embaralhado contexto de convivência pessoal, a protagonista passa a formar uma consciência sólida controversa e baseada naquilo que aprendeu a esquecer. Suas amigas passam, com exceção de Cordelia, amiga que Elaine leva consigo, ao menos em pensamento. Uma história bonita, sobre amadurecimento, mas principalmente, sobre a forma que as pessoas e situações de nossas vidas têm numa visão enriquecida pelo início da velhice.
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