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Os últimos livros de 2010 (Os livros de dezembro)

por Robson Assis | | 3.1.11 COMENTE!

O Livro Negro dos Estados Unidos, Peter Scowen - Na estante particular há mais de 7 anos, Scowen me trouxe de volta muito do que aprendi lendo Michael Moore aos 19 anos. Três capítulos essenciais são os que falam sobre os governos da América do Sul, sobre comida enlatada e fast-food e o magnífico 'Cultura Vazia' sobre cultura pop norte-americana, que trabalha com dilemas como a diferença dos conceitos 'artista' e 'celebridade'. Os demais capítulos, embora maiores e mais complicados, são também excelentes e ligados a política externa, governos influenciáveis e guerras. Irmão de uma quase vítima dos ataques de 11 de setembro, o autor tenta entender como o resto do mundo deve enxergar seu país, apoiado em documentos reais, pesquisas e citações de outros autores, montando um panorama aterrorizante dos EUA. Muitos assuntos são passíveis de conspiração, claro, portanto o livro deve ser lido com cuidado extra. Um dos livros básicos para começar a perceber e analisar estranhos fenômenos de globalização que surgem do 'american dream'.

Bartleby, o escriturário: Uma Historia de Wall Street, Herman Melville - Um conto curto, livro pocket, para ser lido em uma fila grande, ou na volta da viagem de reveillón. Confesso que achei perturbador demais, vindo do autor de Moby Dick. Melville conta a história desse sujeito excêntrico e quase patológico, que tinha uma maneira particular de negar suas obrigações diárias como funcionário de um escritório, dizendo como resposta a qualquer função que lhe designassem apenas "prefiro não o fazer". É algo além da procrastinação pura e simples. É renuncia, desprendimento moral, afasia. A propósito, o personagem principal deu origem a Síndrome de Bartleby, nome dado pelo escritor Enrique Vila-Matas ao mal que assola escritores que ao atingirem o sucesso literário deixam de produzir novas obras.

Esboço do Juízo Final, Vittorio Alfieri - Literatura italiana de qualidade, crítica e sarcástica na medida certa, bem ao contrário do que li nas resenhas que encontrei sobre o livro que tratam o autor como 'o perfeito tipo do individualista revoltado na literatura européia', Alfieri mantém o humor e a crítica da condição humana em nível adequado à sua história, em tom irônico e desconcertante, tratando das misérias sociais ou da bondade com o mesmo peso. O autor joga também com a imagem católica de um tribunal de contas a prestar diante de Deus, que confunde os homens até o ponto em que acreditam que a defesa sobre seus próprios erros e a aceitação como pecador anula imediatamente a culpa e a punição. Um livro engraçado, com um humor ao mesmo tempo agressivo e bastante refinado.

O Assassinato e outras histórias, Antón Tchekhóv - Um dos maiores contistas de todos os tempos, responsável por grandes mudanças no estilo conto. Li tudo isso na Vida e Obra, ao final do volume - esta coleção da Abril pensou em tudo - embora o pensamento "Não sei qual é a desse Tchekhóv", tenha perdurado na minha cabeça durante todo o desenrolar do livro. Entendi seus contos sistemáticos, suas histórias nem tanto confusas, seus personagens tão profundos que dariam um livro por si só, mas não entendi onde ele quer chegar com tantas reticências filosóficas no final dos contos. Compreendi, por outro lado, que suas histórias acontecem e devem ser apreciadas como um todo e não apenas como uma linha cronológica de acontecimentos; e que o final é apenas onde a história precisa parar de acontecer e ao leitor é permitido começar a refletir. E foi assim que, no final, entendi qual era a dele.

***

Em 2010 pude ler todos estes livros, alcançando essa marca inacreditável de apenas duas prateleiras cheias no quarto. Um dia, quando parar de comprar livros, talvez consiga zerar isso e, quem sabe, fazer aquele cartão da biblioteca ou comprar um iPad, essas conquistas menores. Vamos à lista:

  • Você já pensou em escrever um livro?, Sônia Belloto
  • Subúrbio, Fernando Bonassi
  • Voláteis, Paulo Scott
  • Antologia - Literatura no Brasil, vários autores
  • Memórias do Subsolo, Dostoiévski
  • Alta Fidelidade, Nick Hornby
  • 1984, George Orwell
  • O Apanhador no Campo de Centeio, J.D Salinger
  • Mulheres da Máfia, Clare Longrigg
  • Coleção Arte de Bolso (5 livros)
  • Contos, Virgínia de Medeiros
  • A Mensageira das Violetas, Florbela Espanca
  • Eva Trout, Elizabeth Bowen
  • A Tragédia de Eloá, Márcio Campos
  • Amor Lúbrico, Vários autores
  • Leite Derramado, Chico Buarque
  • Olho de Gato, Margareth Atwood
  • Sandman ed. definitiva vol. 1, Neil Gaiman
  • Cartas a um jornalista, Voltaire
  • Cândido, Voltaire
  • A Origem da Desigualdade do Homem, Rousseau
  • Persépolis, Marjane Satrapi
  • Senhor dos Anéis vol. 1, A Sociedade do Anel, J.R.R. Tolkien
  • Caco Barcellos, Rota 66
  • Charles Baudelaire, Escritos sobre arte
  • Os sofrimentos do jovem Werther, Goethe
  • Mensagem, Fernando Pessoa
  • O Abusado - O dono do morro Dona Marta, Caco Barcellos
  • Ratos e Homens, Jonh Steinbeck
  • Wunder Blogs, Vários autores
  • Gothica, Gustave Flaubert
  • Um grande garoto, Nick Hornby
  • Elite da Tropa, Luis Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel e André Batista
  • O Gato preto e outras histórias, Edgar Allan Poe
  • Antes tarde do que sempre, Bertoldo Gontijo
  • Cartas do yage, William Burroughs e Allen Ginsberg
  • O senhor dos anéis, As duas torres, J.R.R Tolkien
  • O mundo fora dos eixos, crônicas, resenhas e ficções, Bernardo Carvalho
  • O Velho e o Mar, Ernest Hemingway
  • O Livro Negro dos Estados Unidos, Peter Scowen
  • Bartleby, o escriturário: Uma Historia de Wall Street, Herman Melville
  • Esboço do Juízo Final, Vittorio Alfieri
  • O Assassinato e outros contos, Antón Tchekhóv

Os livros de novembro

por Robson Assis | | 6.12.10 3 Comentários

Cartas do yage, William Burroughs e Allen Ginsberg - Geração beat em sua forma mais devotada. O livro fora escrito primeiramente com base nas cartas enviadas por Burroughs a Ginsberg na viagem que o escritor empreendeu ao Peru e Colômbia após a morte de sua mulher (ia inserir aqui o 'fatídica morte de sua mulher', mas me pareceu irrelevante). Suas cartas contam sobre a região, a pobreza e a escassez de espíritos livres. É a visão de um turista à procura de uma alucinação, da ayahuasca, como se conhece melhor por aqui, uma droga que promete libertação através dos poderes anestésicos da natureza. Sete anos mais tarde, Ginsberg fez a mesma viagem e a relatou também através de cartas (e alguns desenhos absurdos) para o amigo. Observa-se uma visão limitada e fria sobre a miséria dos países de terceiro mundo do hemisfério sul. Um visão de intelectual norte-americano sobre o que não consegue entender. De qualquer forma, a viagem e as viagens afluentes são extremamente interessantes e absolutamente bem escritas, dignas de apreciação. O livro, curto, de rápida leitura, termina com um texto poético de Burroughs intitulado Estou morrendo, mister?, depois O vinho das visões prodigiosas, de Eduardo Bueno, sobre a geração beat e esta pequena nota de Ginsberg, datada de 1963, que diz muito sobre o livro: A quem interessar possa: autodecifra-se esta correspondência assim: a visão dos anjos-guias que meus companheiros homens e mulheres vislumbraram inteiramente pela primeira vez enquanto o curandero cantarolava com suavidade no estado de transe de 1960 foi a profética transfiguração da autoconsciência, da sensação de medo eterno da alma sem lar na encarnação do corpo sentindo felicidade real.

O senhor dos anéis, As duas torres, J.R.R Tolkien - A continuação. Só depois do segundo, descobri que comecei errado ao ler primeiro a trilogia e não O Hobbit, aventura que explica muito algumas passagens obscuras da saga do anel. Sinceramente, não achei que fosse suportar toda a série após o primeiro livro que traz muita conversa perdida e pouca aventura consistente. A parte disso tudo, As Duas Torres tem algumas aventuras que envolvem escolhas morais simples, mas não menos problemáticas e termina com uma sacada excelente (e que, provavelmente, vai fazer de Sam Gamgi a personificação do sentimento de culpa no terceiro livro). Tem aquilo que já havia falado sobre A Sociedade do Anel, de transportar o leitor para um outro mundo completo, desligar o botão da Terra e o colocar como espectador da história de Frodo e o Anel na Terra Média. A segunda parte de As Duas Torres tem alguns diálogos sensacionais entre Frodo e Sam. Conversas triviais, mas espetaculares e bem encaixadas no contexto da história, do que passou e do que vem pela frente. É, sem dúvida, um livro fluente, que prende sem martirizar ou encher de balelas metafóricas. A história segue em frente e sobram questões demais para O Retorno do Rei, último livro da história. E, bem, ainda não vi os filmes de Peter Jackson e já me alertaram sobre o outro erro que é ler os livros antes de ver os filmes, embora isso não caracterize um grande problema, na minha opinião.

O mundo fora dos eixos, crônicas, resenhas e ficções, Bernardo Carvalho - Uma coletânea com 50 textos publicados originalmente na Folha de São Paulo, entre 1995 e 2005, do autor de Mongólia e diversos outros livros. Além disso, o volume conta ainda com 10 resenhas e seis contos curtos e ficcionais. A maior e mais interessante seção do livro são as crônicas, que, baseadas em um livro, filme, peça de teatro ou obra de arte, trata sobre temas que permeiam o elemento cultural em questão até concluir o ponto em que o autor quer fazer entender. Impossível destacar qualquer crônica destas a não ser por uma divisão estilística ou de gênero. De acordo com meu conceito vago sobre as pessoas que acessam este blog, deixo indicado aqui o texto A tentação de Santo Antônio: ler para ver, em que o autor cita o K.O.S (Kids of Survival), grupo formado no South Bronx, em Nova York, que, sob a orientação de um artista plástico, cria obras de arte a partir de discussões sobre a leitura de textos literários, relacionando a história de sua principal característica (pintar sobre as páginas do livro) ao texto de Flaubert chamado As tentações de Santo Antônio, que na época ganharia uma montagem de Bob Wilson. Bernardo Carvalho consegue perfeitamente englobar em seus textos idéias e conceitos díspares e chegar a um ponto comum de maneira inacreditavelmente lúcida ao transpor o leitor para diversas esferas de pensamento.

O Velho e o Mar, Ernest Hemingway - Minha idéia sobre livros que você sempre quis ler é a de que, invariavelmente, eles acabam caindo na sua mão da maneira menos provável. Encontrei meu exemplar de O Velho e o Mar num destes sebos-banca-de-jornal do centro de São Paulo, quando procurava algum clássico esquecido entre os milhares de livrinhos pocket com histórias eróticas camufladas em nomes de garotas (Jessica, Bianca etc). A história de Santiago não faz alusão a alguma moral ou a um estado de espírito, tampouco se coloca no papel de criticar ordens pré-estabelecidas. É uma excelente história sobre a luta de um homem contra a natureza, mas sem a caretice extrapolada dos neo ambientalistas, sem a visão embaçada e parcial dos que lutam por uma causa. É a história de um velho pescador que tem o mar como segundo lar, como pai, irmão e amante. Um senhor que após mais de 80 dias sem pescar nada em alto mar, consegue um grande feito que o eterniza naquilo ao que realmente dedicou toda a sua vida. Foi o último livro escrito por Hemingway, que não ficou entre os mais bem comentados pela crítica, mas até hoje figura como um de seus clássicos mais influentes e indispensáveis para toda a sua obra.

Os livros de setembro e outubro

por Robson Assis | | 3.11.10 3 Comentários

Desculpas pela ausência estão ficando repetitivas uma vez que os motivos continuam os mesmos: Trabalho e falta de tempo. Portanto, amigos, aí estão os livros dos dois últimos meses.

Wunder Blogs, Vários autores - O nome do livro é retirado de um antigo (2004) portal de blogs (alguns ainda hoje disponíveis no Apostos.com) reunindo textos de seus autores com idéias esparsas sobre literatura, filosofia, a vida, o universo e tudo o mais. Cada um a seu modo tratando assuntos de interessse pessoal com indiscutível originalidade e senso de humor oblíquo. O livro traz textos de 11 autores da era de ouro da blogosfera brasileira, posso dizer. Uma ótima leitura, obviamente homogênea. Em cada novo capítulo um autor diferente lhe tranposrta a um mundo completamente distinto quando se trata de estilo e narrativa. Indico aqui também uma excelente entrevista com Felipe Ortiz na Folha, que define bastante o portal de blogs. Wunderblogs.com é um livro que você precisa ler com a mente desapegada e livre de preconceitos, sejam eles quais forem.

Gothica, Gustave Flaubert - Contos juvenis do autor de Madame Bovary. Personagens problemáticos e diabólicos em impressionantes diálogos e reflexões. Um total de cinco contos em um excelente livrinho pocket. Histórias sinistras, fúnebres, um lado mais psicótico e um pensamento menos tolerante sobre a humanidade. Lidos estrategicamente no escuro, antes de dormir, para contribuir com o clima sombrio. Curto, de fácil leiturae com histórias tão completas que acaba garantindo seu entretenimento. Corriqueio, enigmático. Ainda não li Madame Bovary, clássico do autor. Mas pelo que me permito conhecer da história, ela não passa perto do ambiente de Gothica, um livro infitamente mais adolescente e desprendido de regras. Como diz a introdução, uma aventura do autor pela parafernalha gótica dos contos de horror. Um bom companheiro para distrair a mente, isso posso assegurar.

Um grande garoto, Nick Hornby - O segundo romance da carreira de Nick Hornby. Tal como Alta Fidelidade, virou filme retrato-de-uma-geração. Confesso ter achado meio enfadonho todo aquele clima do sujeito vagabundo que não entendia a vida mesmo depois dos trinta - como se em alguma idade a gente pudesse compreender tudo -, mas o livro começa a embalar pela forma que a história é contada a partir de diversos pontos de vista. Do vagabundo trintão, do garoto que usa uma lógica ortodoxa para lidar com situações corriqueiras, de sua mãe depressivo-maníaca, até do Kurt Cobain em fase terminal. Ao final de tudo, uma história simples de famílias desestruturadas e um personagem alheio a humanidade se torna uma trajetória emocionante de confiança, respeito e aprendizado, escrita no melhor estilo que o Nick Hornby sabe fazer, ilustrando cenas com músicas, nomes de cantores e jogadores do Arsenal.

Elite da Tropa, Luis Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel e André Batista - Existe aquela teoria de que a história do livro é sempre melhor que a história do filme. Neste caso, considero a história de Elite da Tropa contada de maneira mais pesada e cruel do que no filme, provavelmente por questões de mercado. As duas histórias são excelentes, sem dúvida, mas o livro revolta mais, deixa a ferida mais aberta ao denunciar - ainda que por meio da ficção, os golpes e esquemas praticados pela Polícia Militar. O livro é dividido em duas partes: na primeira, contam-se causos sobre a polícia corrupta, com um discurso sanguinário a ponto de louvar a execução de marginais na frente de seus parentes, quando não a execução sumária de seus parentes, extinguindo possíveis testemunhas. Na segunda parte, uma só história que envolve guerras entre favelas e facções rivais gerenciada pelos interesses político-econômicos de secretários, deputados, delegados e, inclusive, o governador. Interessante, para não dizer trágico, Elite da Tropa é uma denúncia maior do que o discurso 'quem financia quem?' do primeiro filme, colocando na vitrine uma polícia despreparada que trabalha através do jogo, dos pequenos golpes e da certeza de impunidade.

O Gato preto e outras histórias, Edgar Allan Poe - Releitura do clássico. Lembro de ter lido este volume nos idos de 2003/2004, provavelmente algum exemplar emprestado da livraria em que trabalhava na época. Gosto do clima sombrio de seus contos, dos personagens emparedados, das histórias macabras, da tenue relação entre o mundo real e diabólico. Personagens em um momento tranquilos, no outro bêbados e esquartejando a esposa. Poe cria climas pesados e agoniantes em histórias comuns. Cria como um maestro sua obra, que vai evoluindo até um ponto que você não consegue mais acelerar a leitura para saber o que acontece na cena seguinte. E o ápice é seguido de um final deslumbrante e inesperado, sem largar a expectativa, ou a emoção, ou a sensação de estar encurralado, sem poder respirar e sem forças para se livrar dos grilhões que o afligem. Chega de besteira, O Gato Preto e outros contos é um livro para ser lido diversas vezes, de muitos modos. Um livro curto e empolgante demais para acabar tão rápido. Apesar disso, deve ser lido em uma sentada, como dizia Poe.

Antes tarde do que sempre, Bertoldo Gontijo - "O relógio do Mickey marcava 8h45. Acordei com saudade. Saudade de mim mesmo. Do tempo em que eu encarei meus medos e venci. Do tempo em que eu peguei a rotina à unha e mudei meu destino". Indicado no último post dos livros do mês, por minha grande chegada Mirian Pulga, o livro de Bertoldo Gontijo conta a história do mesmo personagem em duas épocas de sua vida. Como a infância influenciou e modelou sua maturidade (ou a falta dela). Me lembrou muito de Alta Fidelidade e aquelea história do homem de meia idade perdido em suas próprias más escolhas. Além disso, o livro é cercado por uma atmosfera quase adolescente, embora envolva problemas e crises adultas. O autor brinda cada capítulo com uma trilha sonora adequada perfeitamente à história, desde os covers de Alice Cooper e Stones executados por sua antiga banda até 'What's Wrong with This Picture?', do Van Morrison, em uma fase mais confusa de sua vida. Poético e bem estruturado, um livro com muitas histórias em apenas uma, para ler em pressa e com a mente aberta. O livro possui versão digital que pode ser baixada gratuitamente no Livros Grátis, para quem quiser.

Jay-Z, Bing e Marketing de Guerrilha

por Robson Assis | | 18.10.10 COMENTE!

Jay-Z se uniu ao serviço de buscas Bing e à agência Droga5 para a divulgação de seu primeiro livro de memórias já intitulado Decoded, que deve chegar às lojas norte-americanas em novembro.

Nos EUA, páginas do livro serão colocadas em locais estratégicos de Nova York, como por exemplo o bairro onde Jay-Z cresceu, com dicas fornecidas através do Bing, Bing Maps e Bing Entertainment.

A ação promocional vai fornecer um total  de 200 prêmios aos usuários que encontrarem páginas do livro pela cidade, incluindo um grande prêmio com dois ingressos para os shows de Jay-z e Coldplay, em Las Vegas, na véspera do ano novo.

Esta ação de marketing utiliza técnicas de guerrilha - meios não convencionais para atingir de maneira inusitada um determinado público alvo - acontece quase um mês antes do lançamento do livro, que tem data prevista para 16 de novembro.

via Mashable e Media Bistro

*só pra constar, o post dos livros de setembro fica pra novembro, junto com os livros de outubro. Complicado assim, desculpem o transtorno.

Os livros de agosto

por Robson Assis | | 8.9.10 3 Comentários

Os sofrimentos do jovem Werther, Goethe, 1774 - tragédia romântica clássica, Werther é um homem entregue aos delírios do amor por uma mulher intangível, sensata e talvez pouco honesta acerca de seus sentimentos. Através de cartas do protagonista, o autor descreve a vida tediosa de um homem que vai até as últimas consequências, mesmo ciente da impossibilidade de ter para si a mulher de seus sonhos. Fácil leitura, grande livro, angustiante e claustrofóbico conforme o desenrolar da história. Nas páginas finais - e isso é um detalhe que gostei muito nessa coleção da Abril - tem um pequeno resumo sobre a época em que a obra foi lançada, em que circunstâncias, sobre a vida do escritor, além de fotos e ilustrações originais da época do autor e familiares. Um posfácio classe.

Mensagem, Fernando Pessoa, 1934 - Mensagem foi o último livro de Fernando Pessoa, o que carrega a célebre frase "tudo vale a pena se a alma não é pequena" e muitas outras também memoráveis. O único livro publicado em vida pelo autor, foi lançado um ano antes de sua morte. Um livro ufanista, que exalta Portugal até não poder mais e reúne o melhor de todos seus heterônimos, um livro que retoma a fé do autor em Deus. Um livro para releituras semanais, sempre que preciso. Também da coleção de Clássicos da Abril, segundo livro que leio. Recomendável tanto para os amantes da boa literatura quanto para os que não sabem por onde começar. E eu nunca sei por onde começar.

O Abusado - O dono do morro Dona Marta, Caco Barcellos - A biografia romanceada de Marcinho VP, um dos maiores e mais comunicativos traficantes cariocas. Mais do que isso, neste livro Caco Barcellos descreve uma cronologia do crime organizado nos morros do Rio de Janeiro. Um livro reportagem, uma biografia, um estudo sociológico, não importa. O Abusado é, sem dúvida um livro excelente e de perfeita fluência para ler dentro do coletivo, por exemplo. Uma das resenhas que li sobre o livro, dizia algo como "para entender o tráfico de drogas é preciso entender os criminosos", mas considero esse um pensamento superficial. Pode-se entender os crimes e as inflexões sociais da pobreza e da miséria através de uma história tão completa e reveladora quanto esta, mas não se pode medir tudo o que acontece em um lugar onde não se vive. O livro é instigante, violento e necessário. Torcer pelo lado certo da vida errada, onde o antagonista é o personagem principal é a receita para uma obra desta grandeza.

Ratos e Homens, Jonh Steinbeck, 1937 - Uma história trágica entre dois amigos de infância que viviam juntos, trabalhando em fazendas com o sonho de juntar dinheiro e adquirir suas próprias terras. Contrastes entre força, inteligência, oportunismo e ingenuidade. Uma história pesada, pra não dizer triste e premeditadamente infeliz. Um ótimo livro, mas não posso dizer o melhor de Steinbeck sem antes ler As Vinhas da Ira. Além de tudo é pocket, curto, rasteiro, eficaz. Outra coisa: Lembrei que o Sawyer lia esse livro em alguns capítulos de Lost.

Os livros de julho

por Robson Assis | | 4.8.10 4 Comentários

J.R.R. Tolkien, Senhor dos Anéis vol. 1, A Sociedade do Anel - Provavelmente todos conhecem a história de Frodo, Gandalf, Aragorn e Bilbo, o bolseiro. Menos eu, que assisti os dois primeiros filmes sem dar a devida importância. Embora o tamanho da saga (3 livros de 300, 400 páginas e outros dois livros adicionais O Hobbit e Silmarillion) assuste os primeiros olhares, se mostram tranquilos e envolventes na medida do possível. Este primeiro livro parece preparar o terreno para os outros todos, descrevendo histórias, contos e cantos da Terra-Média até que você esteja completamente submerso ao mundo criado por Tolkien. Não menos sensacionais são os processos de identificação com os personagens, de maneira que você pode ser surpreender ao perceber que está falando daquele pilantra do Boromir, como um antigo amigo seu que perdeu a confiança. Além, de tudo, a natureza a descrição dos lugares e dos povos garante a perfeita sensação de já ter conhecido aqueles lugares e pessoas.

Caco Barcellos, Rota 66 - Uma crítica densa aos policiais da ROTA, de São Paulo, do pós ditadura ao começo anos 90, quando a obra foi lançada. O ponto de partida é o caso que dá nome ao livro, o assassinato de três jovens de classe alta, num bairro nobre da capital. Em cada caso, o autor utiliza os argumentos de uma perícia que nunca existiu neste tipo de crime, envolvendo os vigilantes das ruas. Aponta ainda diversas falhas do sistema jurídico, em que muitas vezes as provas e depoimentos são omitidos e/ou esquecidos quando se trata de acusar policiais. Who watch the Watchmen?, sabe? Sem esquecer o papel amendrontado de hospitais públicos forçados a receber corpos de vítimas já mortas como se estivessem em estado grave, uma prática comum aos assassinos da ROTA, como se pode verificar através do banco de dados criado pelo jornalista. O que poderia ser um livro de ficção quase fantasmagórico e apelativo, é uma realidade crua e que faz parte do cotidiano dos bairros pobres da periferia de grandes cidades. A cada caso, uma família despedaçada pelo acaso de atravessar o caminho de uma Veraneio cinza.

Charles Baudelaire, Escritos sobre arte - Quatro ensaios sobre arte do poeta e escritor de Flores do Mal - que mais tarde descobri ser também um ensaísta e crítico influente. Formato pocket book, mostra-se uma leitura (a) hábil quando dos detalhados conceitos como no ensaio sobre o riso, (b) densa quando trata de arte filosófica e (c) amável quando fala sobre a vida e obra de Montaigne. Um livrinho quase imperceptível para uma estante, um livro gigante para coroar a mente com conceitos artísticos e formas de expressão crítica.

O primeiro livro que li na vida

por Robson Assis | | 8.7.10 4 Comentários

Ontem, no Jornalirismo, encontrei uma bela crítica sobre o primeiro livro que li na vida: O gênio do crime, de João Carlos Marinho. Hoje, lendo meus feeds pela manhã, encontro no blog do Alessandro Martins uma corrente de blogueiros, para falar sobre seu primeiro livro. A corrente foi iniciada no blog da Flávia Durante e segue por aqui.

O gênio do crime é uma história simplista e ficcional, sobre o mercado negro de figurinhas da Copa do Mundo. Os personagens principais são garotos que se transformam em detetives colhendo pistas e procurando pistas, caminhos inversos.

Não foi Flaubert, Jorge Amado ou os Contos de Machado de Assis. Acho que só me apaixonei pela leitura por ter começado a ler como uma criança, para mais tarde me encantar com novas fábulas, outras idéias.

Pra gostar de literatura, pra se apegar aos livros, o que você lê precisa estar em conformidade com seu estado de espírito. Ler todos os clássicos da literatura até a quinta série tem mais poder para criar alunos desinteressados do que para ensiná-los a gostar mais de um livro do que de um programa de televisão.

Meus livros posteriores foram de uma coleção de contos infantis ilustrados de Hans Christian Andersen. Aos 11 anos, queria ler mais, sempre que ia ao mercado com meus pais ficava vendo os livros, na esperança que me comprassem um exemplar do Paulo Coelho (As capas eram demais naquela idade). E, bem, só estou contando isso porque nunca ganhei nenhum livro do mago. Talvez - deixando de lado minha opinião sobre os livros do autor - tenha sido melhor assim. Não me imagino pré-adolescente lendo histórias de ocultismo.

A edição de O Gênio do Crime era emprestada da biblioteca da escola. Lembro de ter ido na Bienal do livro de SP quando pequeno, poucos anos depois. Perguntei - melhor, pedi pra minha mãe perguntar - sobre o livro e, na época, estava esgotado.

Só pude encontrá-lo novamente anos atrás, de passagem, num sebo/banca de jornal, no Taboão da Serra, SP. Estremeci quando peguei a edição tão antiga quanto a que eu tinha lido pela primeira vez. Cena de filme. Mesmo.

***

Seguindo a corrente, convido vocês Leonardo Pollisson, Sandra Camargo, Jessica Balbino, Bruno Rico, Sérgio Vaz e Juliana Cunha que escrevam também um post sobre o primeiro livro de suas vidas.

E vocês, amigos, sintam-se à vontade também para escrever sobre seus primeiros livros! Deixem o link aqui no box de comentários. =)

Os livros de junho

por Robson Assis | | 7.7.10 1 Comentário

Sandman ed. definitiva vol. 1, Neil Gaiman - Sandman é uma obra de 75 volumes. Neste primeiro livro da edição definitiva, são os primeiros 14 deles. A história do rei dos sonhos. Você termina com vontade de engolir todos os outros. Sandman passeia pelos sonhos, pelo inconsciente, criando medo ou felicidade no mundo dos sonhos de cada ser humano. Não me lembro exatamente o nome, mas tem um capítulo sobre gatos sensacional. A história dos colecionadores de órgãos também é invejável. Embora a mais espetacular de todas seja a do homem que queria ser imortal, seguida daquela sobre a obra Uma noite de Verão de Shakespeare, que, no universo DC, teria sido escrita por Sandman. Tudo num climão sombrio, afinal, Sandman é um personagem gente fina, mas sempre com esse ar misterioso de imortal. Nunca encontrei um quadrinho tão completo em toda minha vida.

Cartas a um jornalista, Voltaire - O livro é dividido em duas partes. Na primeira, elementos do jornalismo da forma que são estudados na faculdade, na outra escritos do autor para jornais de sua época. Interessante como algumas regras ou valores não precisam ser datados. É um livro sobre crítica, como escrever bem uma crítica sobre arte de forma subjetiva e coerente, sem perder foco na narrativa para que seus leitores ainda o aturem. Um livro excelente, que deviam ter me indicado antes. Termina com uma crítica positiva às obras de Delacroix pouco após sua morte. Livro da coleção Voltaire Vive, da editora Martins Fontes. Faltam três.

Cândido, Voltaire - A saga filosófica no melhor dos mundos possíveis. A história envolve ingenuidade e o-mundo-lá-fora, contradições, otimismo exagerado e fuga da frustração. Traz também uma moral sobre causa e efeito de causar arrepios, além da frase chavão do autor "Tudo isso está bem dito... mas devemos cultivar nosso jardim". Um clássico leve, uma saga muito bem feita. Na introdução dizia que foi um dos primeiros contos que tratavam temas filosóficos de maneira aberta e pouco demagoga. Livro da coleção Voltaire Vive, da editora Martins Fontes. Faltam dois.

A Origem da Desigualdade do Homem, Rousseau - O filósofo que disse que o homem nasce bom e a sociedade que o corrompe, falando sobre a natureza, sobre as nuances e falta de entendimento entre o homem selvagem e civilizado, sobre como chegamos a desigualdade no século XVIII e como tudo poderia piorar. Um clássico intocável ou como diz aquele site uma crítica feroz e contundente contra a sociedade moderna e um grito de alerta sobre a exploração do homem pelo homem. O livro é de uma coleção da editora Escala que era vendida anos atrás em bancas de revista por R$ 4,90 cada exemplar. Se alguém souber de alguém que sabe de alguém que tenha, por favor avise no box de comentários.

Persépolis, Marjane Satrapi - Uma auto biografia em forma de graphic novel. O crescimento de uma garotinha numa família progressista do Irã em meio à revolução islâmica. Questões como o uso do véu, a opressão policial e a determinação por um estilo de vida ditado pela revolução são tratadas com maestria pela autora. Enquanto cresce, Marjane vai entendendo o que se passa. Fala de Deus, do Xá, de Marx e Bakunin. Livro leve, fácil de compreender e entrar no clima da história. Difícil de largar desde o começo. A edição da Companhia das Letras apresenta os três volumes compilados.

***

Escrito às pressas, me perdoem, amigos. O lado corporativo da minha vida anda cada vez mais tenso, pra deixar às claras. 24 x 7, tá ligado. Mas vamo aí, como diz a música: "tá com medo de que? Nunca foi fácil, então junta seus pedaços e desce pra arena".

Os livros de maio

por Robson Assis | | 2.6.10 3 Comentários

Leite Derramado, Chico Buarque - Um livro de lamentos. Segunda obra que leio deste autor e como no best seller Budapeste, ao final, chego à sensação de ter lido uma letra de música contada em diversos capítulos. Uma leitura rápida, recomendável e simplista. A história de um senhor internado em um hospital, que relembra fatos de sua infância e adolescência, o poder quase imperial que era designado aos membros de sua família em tempos mais remotos. O grande trunfo é contar histórias através da visão burguesa de um velho à beira da morte, cuja consciência lhe oferece um grande combate afim de não se repetir ou contradizer. A frase mais marcante deste livro: "Se com a idade a gente dá para repetir casos antigos, palavra por palavra, não é por cansaço da alma, é por esmero". Vale a leitura casual, esperta e despretensiosa deste grande autor.

Olho de Gato, Margareth Atwood - Ao receber um convite para ser homenageada em Toronto, no Canadá, cidade onde foi criada, a pintora Elaine Risley começa a refazer toda a trajetória de sua vida por meio de recordações da infância, adolescência até a maturidade. A relação estreita e confusa com seu irmão aficcionado por ciência, seu pais que não cumpriam o papel de maneira significativa como ela via em outras famílias até a amizade com Carol, Grace e Cordelia, amigas de infância, que impunham restrições e pesados jogos psicológicos sempre que podiam. No meio deste embaralhado contexto de convivência pessoal, a protagonista passa a formar uma consciência sólida controversa e baseada naquilo que aprendeu a esquecer. Suas amigas passam, com exceção de Cordelia, amiga que Elaine leva consigo, ao menos em pensamento. Uma história bonita, sobre amadurecimento, mas principalmente, sobre a forma que as pessoas e situações de nossas vidas têm numa visão enriquecida pelo início da velhice.

Os livros de janeiro

por Robson Assis | | 29.1.10 1 Comentário

No primeiro mês do ano, consegui ler alguns volumes esquecidos da minha biblioteca pessoal, segue abaixo as recomendações:

Você já pensou em escrever um livro?, Sônia Belloto - Um livro bastante prático, mais da metade funciona como uma apostila para escritores e, sem mentir, neste trecho é legal, bem escrito e interessante, possui até um capítulo tratando da jornada do Herói de Joseph Campbell, ideal para quem vai escrever histórias que possuem uma certa programação. A outra parte trata da "profissão" de escritor: é um trecho bem fantasioso, com requintes de auto-ajuda para escritores. Deixei este exemplar guardado por quase 8 anos, pois conheci a autora quando trabalhei na livraria Siciliano, onde vi suas palestras que tendiam para um lado mais emocional e prático da arte de escrever. A Siciliano caiu por terra, tal qual a previsão do livro que dizia que em 2010 teríamos muitas livrarias vendendo livros impressos no local, sob demanda. Acabei achando o final problemático e institucional demais, pois trata da Fábrica de Textos, cursos de escrita criativa ministrados pela própria autora.

Subúrbio, Fernando Bonassi - A história toda é como o prenúncio de uma tragédia. Você sabe que aquele velho, com aquela historinha pra cima de uma garotinha, não pode terminar bem. Mas o livro te leva a outros mundos, vira e revira completamente a visão da história com o passar do texto. É como viajar na mente de um senhor angustiado pelo que deixou pra trás em sua vida. Além disso, desenha muito bem os lugares, você consegue se colocar dentro daquele universo, se inserir no bairrismo da história. Faz isso tão bem que tenho até agora a imagem certa do bar que ele frequentava, por exemplo. Mas assusta, é um livro que trata de pedofilia, através da ótica do pedófilo. Doentio, meticuloso, às vezes me perguntei se não era desnecessário, mas ao final, descobri uma grande obra.

Voláteis, Paulo Scott - Coleção Fora dos Eixos. Para quem já leu Bukowski ou Jack Kerouac e adora vivenciar histórias em processo de deterioração alucinógena, esse é o livro. Ou um deles, neste caso. Um Noir às brasileiras, livro debut deste excelente escritor gaúcho. Personagens controversos, um retrato fiel da atmosfera hipster e degradante que circunda nossa geração. Ladrões simpáticos, amores esquecidos e doentios, vivendo às margens de uma cidade que parece existir só para os outros. Lara é a personificação disso. Sua aversão ao sol faz com que se mantenha alheia a tudo e cada vez mais desesperançosa. Paulo Scott tem a excelente característica de descrever em poucas frases a história inteira de um personagem, seus medos e preocupações. Se tivesse mais mortes, poderia ter sido um roteiro escrito por Tarantino. De qualquer forma, foi o melhor livro do mês, vale a leitura.

Antologia - Literatura no Brasil, vários autores - Gosto de ler antologias e coletâneas de autores diversos. Esta possui muitos textos bons, mas poucas poesias que tocam, do meu ponto de vista. De um outro lado, tem textos excelentes, como o do Sacolinha, do qual já havia lido 85 letras e um disparo, presente de minha amiga Mirian Pulga, anos atrás. De outro, só poemas medianos, dos mesmos escritores. Essa antologia é bem curta, um livro para ler sem marca página, de uma vez só, embalado pela alma e pelo sentimento de grandes e anônimos escritores.



Tentei começar a ler a saga de O Senhor dos Anéis (incluindo Silmarillion e O Hobbit), mas meu estado mental do começo desse ano ainda não me permitiu. Atualmente, estou lendo Memórias do Subsolo, de Dostoiévski, um livro denso, mas bem curto e Alta Fidelidade, de Nick Hornby, autor ao qual provavelmente vou dedicar o mês de fevereiro.