Expo Davila Nós Somos!

por Robson Assis | | 20.8.12 COMENTE!

Neste final de semana rolou a Expo Davila Nós Somos!, no Campo Limpo, SP. Um evento que trouxe rap, break dance, exposição de low riders e um mutirão de graffiti para colorir os muros do jardim Umuarama, na zona sul de São Paulo. Com distribuição e venda de comida no local e famílias inteiras presentes, o evento ajudou a aproximar ainda mais os moradores do bairro da cultura hip-hop e da arte, de um modo mais amplo. E eu? Só registrei né, não era de lá.
 

De bombeta e moletom #6

por Robson Assis | | 12.5.12 COMENTE!



Da Rua é o novo blog da Folha sobre graffiti. Lá você encontra dicas de arte urbana pelo mundo, documentários, convites para exposições e muito mais. Com "curadoria" dos fotógrafos Louise Chin e Ignacio Aronovich, criadores do site Lost Art, um ótimo lugar para se encontrar ao que vem acontecendo pelas ruas do mundo todo.

http://darua.blogfolha.uol.com.br/

Sexta edição da mixtape de periodicidade mais duvidosa do #RAPBR. E se você guarda rancores do rap gangsta, romântico, alternativo ou ainda dá atenção a estes micro rótulos é sua última chance de desistir antes de dar o play. Temos aqui doses medicinais de lirismo, peso e vida, num panorama maior. Então não perde tempo e fecha com a gente. De bombeta e moletom #006 nas veias imaginárias da internet:




01. Cone Crew & Don L, 'Special'
02. Projota, 'O Suficiente'
03. Síntese, 'Se Encontrar'
04. Dragões de Komodo, 'Ataque de gafanhotos'
05. Meek Mill part. Rick Ross, 'Tupac Back'
06. Próprios Punhos, 'Berço do Barulho'
07. AXL part. Projota, Kamau, Rashid e Mattenie, 'É Noiz'
08. Emicida, 'Dedo na Ferida'
09. Dope D.O.D, 'Snap'
10. Prodigio Cris, 'To de volta'
11. Rivais part. Bill Coyote & James Bantu, 'Preta'

III Agita Sampaio

por Robson Assis | | 26.3.12 COMENTE!

Neste final de semana aconteceu o III Agita Sampaio, festa anual que acontece no Jd. Maria Sampaio, zona sul de São Paulo, com suporte da prefeitura e organização própria. Um evento que trouxe à quebrada bandas de rock, reggae, rap (Fernandinho Beatbox & Funk Buia, Gaspar - Z'áfrica Brasil - entre outros), discotecagem, pista de skate e sessões de graffiti, além da distribuição de prêmios e brindes aos presentes. Famílias inteiras reunidas, muitas crianças participando em um saudável ambiente de coletividade local, até onde pude enxergar.

E eu? 'só registrei né, não era de lá...' (fotos do celular):






"O que todo marginal tem, o verso"

por Robson Assis | | 11.2.12 COMENTE!

Dava pra fazer uma belíssima mixtape com ao menos dez músicas lançadas pelo Racionais nesse hiato desde 'Nada como um dia após o outro dia', de 2002 (dez anos, cadê a foto-montagem no Facebook dizendo que estou ficando velho?). Alguns sons ao vivo, alguns ripados da rádio, alguns raros e perdidos no computador dos amigos, como 'República dos Lokos' (o título do post é um trecho da música), que chegou ao Youtube durante essa semana por benfeitoria de André Caramante responsável, entre outras coisas por aquela matéria de capa na Rolling Stone no final de 2009.



Nesse meio tempo, o Racionais conseguiu ainda criar outra cena em torno de si mesmo com a internet produzindo versões paródia para Negro Drama (procurem, não vou colocar link, sério) ou cada nova edição de Vida Loka, como a parte III, IV etc (vai até a parte VIII, com um retorno do Guina, segundo o @bigdree). Com toda essa expectativa, não é de estranhar que tenha virado coqueluche colocar "música nova racionais" nas tags de vídeos do youtube. Muitas vezes isso é usado como blackhat, o termo que designa um conjunto de estratégias anti-éticas para conseguir mais acessos. A pior parte é que algumas músicas são boas, como postaram essa do "vulgo Grilo", de São Matheus, um rap cabuloso, que infelizmente ganha acessos por colocar no título "racionais 2012 lançamento".

Outro fato que me incomoda é a crítica desses singles por uma galera que já entende essas músicas como "o novo trabalho do Racionais" e não como singles, como pequenas doses do que está por vir. Sou fã, eu sei. Racionais faz parte da criação e eu não tive como fugir disso aí, eu sou mais um (uso frases de músicas com frequência também). Na escola eu aprendi português, matemática, ciências e Racionais, portanto minha opinião pode ser desconsiderada, mas eu acredito que se um disco demora mais de dez anos pra ser lançado é preciso ser minimamente respeitado (Dr. Dre e Detox mandam abraços).

Disse no começo que dava pra fazer uma mixtape de 10 músicas, mas menti, consegui achar dezesseis*. Já é bootleg em nossos corações.



(são dezesseis mesmo, o Soundcloud ainda não atualizou a lista com "Mulher Elétrica" e "Umbabarauma". Se achar alguma que não entrou, avise nos comentários)

*vou atualizando conforme encontrar músicas novas =)

#RapBR 2011, um editorial retrospectivo

por Robson Assis | | 27.12.11 COMENTE!

"You never thought that hip hop would take it this far"

A frase na legenda da foto é do Biggie, em Juicy, 'Você nunca pensou que o hip hop fosse chegar tão longe', se referindo ao sucesso do refrão Dah-ha, Dah-ha, do Rappin Duke, também citado na letra. Notorious B.I.G, além de um dos rappers mais famosos que o mundo já conheceu, começou a carreira fazendo história nas batalhas de freestyle nas ruas do Brooklyn. O mesmo freestyle da Rinha dos MCs, a Liga dos MCs, a Batalha do Santa Cruz e de muitos outros eventos espalhados pelo Brasil. Eventos que revelaram em 2011 um núcleo artístico de fazer encolher a língua qualquer Barbara Gância de ideias talhadas nos preconceitos com estilos musicais que se tornem populares demais e pouco manejáveis.

E aí você começa a lembrar do que fizeram esses dois da foto esse ano. Começa a ver que, independente do que acreditam, foram os melhores do ano não só nas maiores premiações musicais, mas em tudo ao que se proporam. Estiveram pelo menos em todas as listas de melhores do ano que você encontrar. São revolucionários por um ponto de vista de quem só ouviu falar deles depois do Coachella ou do VMB. Daquele lado que conheceu o rap esse ano, que DESCOBRIU o Criolo, que não entendeu como o Emicida e o Kamau fizeram freestyles monstros em entrevistas de última hora, que se espantaram com a criatividade aliada desse pessoal ganhando o mainstream com a facilidade de quem ganha uma rifa de panetone e com o respeito e aval dos mestres de outrora.

'A virada' não define muito bem. Talvez 'O Acerto', 'A Confirmação' e porque não 'É Tudo nosso'? Esse ano vimos o rap roubar a cena do jeito que qualquer fã -mesmo os ortodoxos- sempre sonharam, sem mais, nem menos. Vimos uma discussão de cabeças grandes da música saindo do círculos de tios do pavê da crítica especializada. Tudo isso remanescente do barulho proporcionado pelo incrível Nó na Orelha que Criolo deu em todos que ouviram sua obra. Mais que isso, vimos esses dois nomes da foto no topo encabeçarem todas as rodas de discussão sobre música, das rodas de boteco às colunas especializadas. E foram muito mais longe do que se podia imaginar, B.I.G tinha razão.

Algo me incomoda sempre que ouço alguém dizendo que o rap precisa se afastar da favela, precisa parar de cantar o sofrimento, porque a dor não vende (o que contraria absolutamente o raciocínio que tornou o Datena sucesso de público). De certa forma, eu concordo com parte dessa mudança toda, é realmente mais comercial falar da madrugada e da rua do que de um barraco três por quatro com goteira no teto e invadido pela PM. E se existe algo de que o rap estava precisando em 2011 era abandonar algumas amarras e saber caminhar na corda bamba que diz 'OK, somos da periferia, passamos por dificuldades também, mas somos felizes e talvez isso soe melhor no disco'. Sem o moralismo de ter que denunciar o que todo o mundo já sabe, ou deveria saber.

Mas não me entenda errado. Por um outro lado, se não existe mais público para a realidade, isso não a impede de existir, certo? Então, na construção dessa base sólida, a periferia continua ativa, como numa primavera de Praga, diria Sérgio Vaz. Você encontra shows de rap em escolas, eventos de fechar a avenida, um programa de rap em canal aberto e salvo por iniciativa do público, saraus, ensaios comunitários, palestras, workshops em grandes feiras literárias, cursos, bibliotecas, centros culturais para crianças, revistas e, bem, talvez seja melhor resumir isso numa palavra: oportunidade. Existe ainda aquela vertente de pensamento de que isso precisa deixar de existir, a ideia de que a música salva pessoas do crime. Acho que negar isso é invalidar o próprio poder transformador da música. Essa história não serve apenas para o crime, o rap pode salvar as pessoas da ignorância, da mediocridade. Negar isso é desmerecer a música como opção de vida, como alternativa para esse mundo de caos ordenado e ineficaz.

Frases só se tornam eternas quando dizem algo que ultrapassa as fronteiras do tempo. Biggie, numa frase simples e sem rodeios, apontou na cara das pessoas dizendo: vocês nunca acharam que isso aqui ia pra frente, né? E em 2011, eles entraram pelo seu rádio, tomaram e você nem viu. Pra terminar antes que esse monte de citações de paráfrases deixem de fazer sentido, estou com Sérgio Vaz quando: "que 2012 seja pior... pior para quem estiver no nosso caminho".

Feliz e próspero 2012 ao #RapBR e a todo mundo desse lado aí.