Seu Pedro e os domingos realmente espetaculares

por Robson Assis | | 16.11.08

Domingo é sempre nostálgico. Abro a janela, vem aquele vento e aquela luz que só este dia nos proporciona. Sento em frente ao espelho e começo a me lembrar da noite anterior. Faço mil juras até me lembrar de qua nada daquilo vai realmente mudar. Me levanto, bebo um pouco de água, vejo as crianças correndo e levando a sério milhares de brincadeiras bobas, como sempre fazemos quando somos menores.

Não tento mais ligar a televisão, não consigo mais ver o Silvio Santos,nem o Faustão, sequer a gostosa da Eliana, que agora também tem um "novo" programa imbecil. Sobram alguns clipes da MTV, alguns livros espalhados pela cama e minhas músicas. Talvez uma ou outra cerveja. Sem exagero, pois amanhã voltamos à rotina.

O desespero começa a aumentar de tarde, assim que as crianças param de brincar e já estão em casa vendo TV. A noite chega, o frio aumenta um pouco, há quem diga que o final do dia é deprimente. Pra mim, soa desesperança. Por me lembrar de pessoas que não precisam acordar na segunda-feira de manhã, se matar dentro dos coletivos da cidade. Nós vamos continuar correndo o resto de nossas vidas e não fazer nada do que realmente gostamos. Para muitos de nós, a vida vai e volta assim.

Tenho diversas recordações de domingos em que ia na casa da minha avó, num desses churrascos com a família toda presente. Meu avô tocava algumas modas de viola, pouquíssimos de nós conheciam, mas certamente todo adoravam. Seu Pedro era a essência de minha família. Mesmo achando quando moleque que ele fumava charuto demais e contava histórias fantásticas demais, ao crescer percebi o quanto aquilo fora importante no meu trajeto de vida.

Ele falava pouco, não atropelava ninguém nas conversas. Mas quando ia falar, todos paravam para prestar atenção. Digo mais, para prestar reverência aquele que foi nossa base. Meu avô se foi faz uns 6, 7 anos. E o que ele deixou é imortal demais para se desfazer com o tempo. Minha família se desfez. Nunca mais houve churrascos de domingo. O dia se tornou apenas um marco pra mim, daquela gente louca que gostava de coisas muito mais simples como conversar, jogar truco, comer, beber e estar junto.

Hoje é domingo, e eu estou em casa com saudades do meu avô.

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