Quem Sou eu

por Robson Assis | | 28.12.08

Nasci no Capão Redondo, zona sul de São Paulo. Cresci ouvindo Toquinho, Legião Urbana, Originais do Samba e Raul Seixas, por influência de meu pai. E comecei a escrever, também por indicação do velho, que me escrevia cartas antes ainda que eu tivesse nascido. Assim vieram as primeiras palavras, um diário de viagem (Maranhão) e a vontade diária de escrever.

Atualmente, além deste blog, escrevo resenhas publicitárias no Ponto Frio, além de poesias e contos esparsos no Sindicato dos Escritores Baratos e pensamentos impublicáveis no Staying alive was no Jive

FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Jornalista por formação, escritor inveterado desde os 8 anos de idade, blogueiro inconstante desde 2002. Trabalhei no site Guia SP como repórter e editor de Artes/Espetáculos, Música e Bares/Baladas. Mais tarde fiz freelas de apenas 15 dias com o CAT, para a agência Magnet, experiência incrível para adquirir referências em tecnologia, mas que durou pouco por conta de meu inglês terrível na época. Em 2007 trabalhei na Voice Assessoria de Imprensa como Analista de Mídias Sociais, criando planilhas e relatórios da visibilidade dos clientes da carteira da empresa. Uma experiência válida pelo fato de conhecer uma das novas profissões que começavam a despontar com a Web 2.0. Foi logo depois, ainda em 2007, que comecei a trabalhar na produção e redação publicitária de produtos para os sites e-commerce: Americanas, Submarino, Shoptime e, atualmente, Ponto Frio.

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Festival Indie Hip-Hop 2008

por Robson Assis | | 15.12.08 1 Comentário

O domingo despertava frio na zona sul de São Paulo, de onde saímos. Mesmo com essa cara de chuva que o fim do ano promete, a tarde parecia clarear conforme chegávamos ao ABC, onde acontecia a sétima edição do maior festival de rap alternativo do Brasil, o Indie Hip-Hop, organizado desde 2002 por Rodrigo Brandão (Mamelo Sound System). Do lado de fora, às 18h20, já com o som rolando, uma multidão ainda se aglomerava nos portões do Sesc Santo André, alguns esperando amigos, outros finalizando seus drinks, ou apenas na tentativa desesperadora de conseguir um dos ingressos tão concorridos para o espetáculo.

Na entrada, uma breve revista com seguranças mais tranquilos do que o convencional braço cruzado, cara fechada e "abre-essa-carteira-aí-preu-ver". Uma moça bonita rasgou o ticket enquanto eu a admirava por dentro de seus olhos. Na descida pelo corredor escuro, lembrei de quantas vezes fui em casas de shows menos respeitosas com o público em locais mais elitizados e com funcionários que não se relacionavam como pessoas, com ações robotizadas e pouco humanas. Claro que lembrei disso tudo em duas frações de segundo.

No final da descida, avistei o palco. O Projeto Manada já destrinchava seu repertório dançante e empolgava os presentes que já lotavam metade do espaço destinado ao público. Apresentando o show do disco Urbanidades, lançado neste ano, o grupo abriu o segundo dia da festa, que no sábado contou com Doncesão & Dr Caligari, Sombra (ex-SNJ) e Subsolo. O PM fez um show bastante seguro e muito próximo do público. Segundo o MC Prizma afirma no myspace do grupo, a apresentação "foi o marco de um processo dificil que foi a concepção do disco".

Muito som rolando nas pick-ups após o primeiro show. Dei um tempo do lado de fora, na praça de alimentação. A fila enorme era recompensada pelo encontro com amigos e conhecidos, algumas palavras, o clima era de total coletividade. Algumas cervejas depois, entra em cena o Kamau. Já conhecia seu disco anterior e confesso não ter gostado muito do que ouvi. De qualquer forma, parei para prestar atenção e pude reconhecer o som do cara como algo muito original. Ele lançava também seu disco Non Ducor Duco, de agosto/2008. Batidas e levadas mais pesadas, com uma rima sublime e um tipo de métrica poética bastante particular. Fora isso o cara agitou muito a platéia que já tomava conta de todo o local.

DJ KL Jay tocou antes do nova-iorquino, muitos clássicos, muito rap nacional de qualidade, algumas emendas ótimas, um trabalho de indiscutível qualidade e que todos dançavam sem parar. Entre um som e outro, algumas homenagens ao DJ Primo, que faleceu este ano vítima de pneumonia. Todos aplaudiam e algo de emocionante acontecia dentro de cada um dos presentes, sempre que citavam o nome do DJ.

A noite já dava o ar da graça, quando sobe ao palco Talib Kweli, o norte-americano convidado especial. Já é praxe do festival chamar algum grupo de destaque internacional (em edições anteriores já passaram por lá Hyerogliphics, Jurassic Five e De La Soul) e desta vez, a escolha foi de uma exatidão milimétrica. O rapper que já fez parcerias com Madlib, Mos Def e Hi Tek, além de ser dito o queridinho de Jay-Z fez um set preciso que agitou a galera do início ao fim, sem delongas, sem corpo mole e com muita vibração positiva.

Ao terminar a noite acredito que todo mundo tenha voltado para casa com a sensação de um direito cumprido. Não podemos pagar para ver um Kanye West endeusado, mas podemos ver shows tão bons ou até melhores com a autenticidade de um evento que ano após ano vem ganhando em qualidade e acrescentando muito à cena de hip-hop independente nacional.

Foto por Pedro Pinhel (http://originalpinheirosstyle.blogspot.com/)

Um simples pedido

por Robson Assis | | 10.12.08 1 Comentário

Querido Papai Noel,

Neste natal, quero que o senhor suma e leve junto o Coelhinho da Páscoa e as datas que comemoramos apenas para esquentar o mercado e as gigantes ações promocionais do varejo. Gastamos todo o nosso dinheiro com baboseiras tremendas que não conseguimos pagar de imediato e nos levam a obter dívidas durante todo o ano seguinte. Assim, peço para que o senhor nos deixe apenas comemorar as datas, mas insisto que sejam proibidos comerciais de televisão e em outras mídias. Acredito que assim, o ato de dar um presente vai se tornar mais amigável e sincero.

Peço que suma, pois conheço muitos pais de família que não vão conseguir dar a seus filhos os presentes que aparecem na TV, com parcelas que decolam junto com os juros. Conheço crianças que vão ver na novela meninos ganhando carrinhos, roupas caras e brinquedos eletrônicos e não vão esquecer disso quando crescerem.

Portanto, este é meu pedido: Trabalhe menos, apareça menos em rede nacional, tome um porre e espero não ter que vê-lo no ano que vem. Estamos combinados?

Desgaste, e-commerce, fim de ano

por Robson Assis | | 9.12.08 1 Comentário

Este fim de ano está pancada. Muito trabalho, muita correria, muita perda de tempo, que após o desfecho de 2008 será seguida de uma perda de tempo ainda maior e mais intensa, minhas férias. Mas até que chegue essa bagaça, por aqui é só transtorno mental. Mal consigo parar e pensar um pouco, ou mesmo escrever qualquer porcaria. Pelo menos até então está valendo a pena.

Eu pedi a Deus um trabalho e que eu conhecesse a estrada. Ele, ligeiro, me deu uma casa no Capão e um trampo em Barueri. A velha história dos coelhos mortos com uma cajadada só.

Memórias privadas, pensamentos soltos

por Robson Assis | | 5.12.08 COMENTE!

Luzes apagadas. Hoje o dia não começou bem, pra variar. Alguns sempre voltam a este lugar com expectativas de reencontrar a esperança, ou coisa que o valha. E eles gritam. De noite, eles gritam por dentro, choram, agonizam, morrem e voltam no outro dia, os bastardos.

O cheiro podre exala dentro de nós, a merda desse esgoto que passa aqui ao lado é como um pequeno rio do inferno em que o Diabo não veste Prada e não desfila com sua bela donzela em barquinhos venezianos. Ele caminha sobre túnicas de entulho com cheiro de cadáveres, em pedaços de madeira cobertos de estilhaços de vidro sobre a merda acumulada de ricos imundos que também passa por aqui.

E eu que já não sonho mais estar naquela sala grande, fechada com vidros e quadros, laptops e um telefone sem fio importado, pouco me lixo para os que lá estão. Sei que não gostam de mim e eles sabem que meu ódio por eles talvez seja o triplo. Quem apanha acumula mais sentimentos maus. Só não quero imaginar o que acontece quando a gente coloca todos esses sentimentos pra fora.

Mas o dia segue sem luz. Continuo minha viagem louca pelo mundo afora, mesmo dentro destas grades. Sabe aquela sensação de que tudo vai continuar do mesmo jeito pelo resto de nossas vidas? Aqui isso acontece o tempo todo. Se houvesse um purgatório que levasse só para o inferno, talvez esse fosse o lugar.

Não falava disso, falava sobre expectativas. Só resiste quem as possui. E só é possível tê-las, com o pensamento longe daqui. Além dessa lógica quase que abstrata, existe um sentido mútuo em nossas esperanças. Todas elas nos querem bem, mesmo que tenhamos de fazer o mal para consegui-las. Quem foi o cara que disse "os meios justificam os fins"? Enfim, a esperança segue em mim e talvez só por isso eu ainda esteja vivo, era isso o que queria dizer.

Sobre a luz dessas velas eu tento tampar meus ouvidos para não escutar todo esse silêncio fúnebre que me rodeia. Uma experiência de morte em sua própria vida, sabe. Ser preso em uma estação de trabalho é resumir um espaço de tempo de sua vida em um local quatro por quatro, uma cabine em que você tem direito às suas necessidades básicas de sobrevivência, às vezes menos do que isso. E, acredite, privar você de coisas habituais como ver o sol pela manhã ou ouvir o barulho das árvores balançando, não é tão bom quanto parece ser nos longas metragens de Hollywood.