Sonetos Trágicos #002

por Robson Assis | | 28.11.08 1 Comentário

Não me faça outras perguntas
Não me venha com desculpas
Meu desafeto é tatuagem borrada
Tua honra, tua glória, teu nada

O afago do desprezo nesta noite gelada
Acalenta vil a doce lágrima
Que corre meus lençóis e mata
Que explode sobre a dor e a desgraça

O mundo é uma coleção de primeiras tentativas
Aquele que sabe lidar, pode entender
Errar às vezes pode ser uma grande saída

O social criou sua horda de homicidas
Marchando sós pelas quebradas cinzas
Armas em punho, uma nobre guerra contra a vida.

Sonetos Trágicos #001

por Robson Assis | | 26.11.08 COMENTE!

Só mais um pouco de tensão
Para amenizar a dor e a emoção
Que os dias frios levam de nós
E nos oferecem tanto em vão

Jazigos de sentimento oculto
À porta, nossos obscuros vultos
Que tremem e marcham quais zumbis
Hão de comentar teus absurdos

Muros cobrem cinismo e liberdade
Para cada homem rico um pobre pede piedade
Folhas de Napalm explodem pelas árvores da cidade

Como o céu cinza de ontem à tarde
E os cigarros secos no maço deste covarde
Nossas feridas sangram mais que nossas verdades.

"Negra Ângela" no Anonimato S/A

por Robson Assis | | 21.11.08 1 Comentário

Salve salve,

Saiu um novo conto meu intitulado Negra Ângela, para a revista digital Anonimato S/A. Uma história sem final feliz, com alguma emoção e certo sentimento, feita para a seção Amores Urbanos, que escrevo mensalmente.

Nesta edição o site traz também a festa de aniversário do padre Hamilton Enes, com uma missa que ressalta a cultura afro numa paróquia católica do Brás, zona leste de São Paulo. A inusitada seleção brasileira de futebol de rua, composta por meninos moradores de periferia que vão participar do campeonato mundial em Melbourne, em 2009. Um relato sobre casais que optam por namorar em estações de metrô. E para fechar 'Periferia: uma autobiografia', uma ótima matéria sobre arte na quebrada, uma aula de vontade e, sobretudo, resistência.

Leitura obrigatória, jornalismo lírico e não convencional!

www.anonimatosa.com

Seu Pedro e os domingos realmente espetaculares

por Robson Assis | | 16.11.08 COMENTE!

Domingo é sempre nostálgico. Abro a janela, vem aquele vento e aquela luz que só este dia nos proporciona. Sento em frente ao espelho e começo a me lembrar da noite anterior. Faço mil juras até me lembrar de qua nada daquilo vai realmente mudar. Me levanto, bebo um pouco de água, vejo as crianças correndo e levando a sério milhares de brincadeiras bobas, como sempre fazemos quando somos menores.

Não tento mais ligar a televisão, não consigo mais ver o Silvio Santos,nem o Faustão, sequer a gostosa da Eliana, que agora também tem um "novo" programa imbecil. Sobram alguns clipes da MTV, alguns livros espalhados pela cama e minhas músicas. Talvez uma ou outra cerveja. Sem exagero, pois amanhã voltamos à rotina.

O desespero começa a aumentar de tarde, assim que as crianças param de brincar e já estão em casa vendo TV. A noite chega, o frio aumenta um pouco, há quem diga que o final do dia é deprimente. Pra mim, soa desesperança. Por me lembrar de pessoas que não precisam acordar na segunda-feira de manhã, se matar dentro dos coletivos da cidade. Nós vamos continuar correndo o resto de nossas vidas e não fazer nada do que realmente gostamos. Para muitos de nós, a vida vai e volta assim.

Tenho diversas recordações de domingos em que ia na casa da minha avó, num desses churrascos com a família toda presente. Meu avô tocava algumas modas de viola, pouquíssimos de nós conheciam, mas certamente todo adoravam. Seu Pedro era a essência de minha família. Mesmo achando quando moleque que ele fumava charuto demais e contava histórias fantásticas demais, ao crescer percebi o quanto aquilo fora importante no meu trajeto de vida.

Ele falava pouco, não atropelava ninguém nas conversas. Mas quando ia falar, todos paravam para prestar atenção. Digo mais, para prestar reverência aquele que foi nossa base. Meu avô se foi faz uns 6, 7 anos. E o que ele deixou é imortal demais para se desfazer com o tempo. Minha família se desfez. Nunca mais houve churrascos de domingo. O dia se tornou apenas um marco pra mim, daquela gente louca que gostava de coisas muito mais simples como conversar, jogar truco, comer, beber e estar junto.

Hoje é domingo, e eu estou em casa com saudades do meu avô.

Pelinho e Mônica

por Robson Assis | | 14.11.08 COMENTE!

Eu, Diguinho e a banca inteira ao fundo



Sábado passado foi casamento do André Lutz, vulgo Pelinho, amigo meu de milidias, batalhador. Uma dessas pessoas que dá o significado à expressão "gente fina", compreende? Estávamos todos - ou quase todos - presentes na cerimônia. Eu prestava atenção à missa, mas o padreco não ajudava, então olhava para os lados e via meus amigos gesticulando o primeiro gol do São Paulo no jogo, ou comentando sobre a (linda) camera-girl, que filmava todo o evento.

Era um sítio-buffet em Parelheiros. Lugar bonito, cheio de verde, passamos uma quebrada bem parecida com o lugar em que morei quando pivete, até chegarmos naquele lugar. No carro, pensei alguns segundos sobre isso, mas era dia de festa. Dionísio não se entristece, Tolstoi pode esperar, eu não vou salvar o mundo em cinco minutos.

A festa começou por volta das oito da noite. Tudo na tranquilidade, apesar da minha falta de cigarros, esquecidos no caminho. Bebemos muito, talvez isso tranparecesse mais se não tivéssemos os garçons como álibi, sempre descolando uma desculpa pra trazer aquela dose servida de whisky na nossa mesa, ou na nossa roda.

Casamentos são bonitos. Mas não imagino o trabalho que o casal deve ter no dia D. Estive presente em alguns esse ano e vi os noivos até cansados de tirar fotos para o álbum, cumprimentar pessoas, participar daquelas cerimônias do tipo beber champagne com os braços entrelaçados, o bouquet dela, a gravata dele.

De qualquer forma, é muito bom ver famílias felizes e confraternizando junto aos novos membros. Além de unir gerações e transcendências, prezo por aqueles que optam por esta maneira singela de dizer que ainda existe união e esperança entre as pessoas deste mundo. Ao Pelinho, chegado, um grande salve e que os dias que se sigam sejam cheios de alegrias e realizações.

Pra constar, depois fomos para a Augusta comemorar em alguma Jukebox de um bar ruim, com brindes em copos americanos e doses de bebidas mais comuns. A lua de mel dos loucos.

Aquisições de um final de semana freak

por Robson Assis | | 10.11.08 COMENTE!

Sábado passei no Extra da Marginal Pinheiros, sentido Interlagos. Pensei em comprar um refrigerante e algo pra comer. Ao entrar, reparei naquele monte de promoções de CDs e DVDs. Parei pra olhar um pouco quando vi DVDs por R$ 4,95. Comecei a olhar, tinha capítulos do Chaves, Chespirito e outros pastelões mexicanos, pouco dignos de minha prateleira. Mais à frente, CDs. Coletâneas do Boticário, artistas falidos e seus discos esquecidos. No meio deles, um Slipknot. Não sou fã desta banda, aliás, pouco conheço. Entretanto, o disco era duplo e ao vivo, por R$ 4,95. Coloquei no carrinho, papel dado a meu antebraço. Continuei vasculhando e encontrei um Jair Rodrigues com versões de várias canções nacionais. Carrinho. Saí do lugar quando comecei a pensar em levar um exemplar do Planeta Pop. Passei na ilha de DVDs e, desta vez não encontrei mexicanos, mas o Zé do Caixão! Comprei quatro filmes dele e, de quebra, um Mazzaropi perdido no meio daquela enxurrada de filmes desconhecidos e thrashbusters. Tive que deixar de lado - por conta de meu curto orçamento - A Coisa, um documentário sobre o Morissey, outro do Placebo, todos eles com pesar. Com todas as aquisições quase caindo de meu antebraço, saí do mercado com uma conta de R$ 30 e mais história para a coleção de filmes baratos que tenho em casa. Pra resumir esta opereta, esta semana tenho trinta reais a menos na conta, 5 filmes clássicos na estante e já posso dizer se gosto ou não de Slipknot.

IMPÉRIO DO MAL - Sig Sauer

por Robson Assis | | 6.11.08 COMENTE!

Eles te compraram não adianta mudar
Eles tem sua vida nas mãos
Garantem seu futuro e um lugar pra morar
Eles criam a ilusão

GRANDES CORPORAÇÕES GERAM CINISMO MORAL!
GRANDES CORPORAÇÕES GERAM CINISMO MORAL!

Funcionário do mês, um idiota outra vez
Com sua foto no mural
Dos meus melhores amigos, seus idealismos
Se vendem todos no final.

GRANDES CORPORAÇÕES GERAM CINISMO MORAL!
GRANDES CORPORAÇÕES GERAM CINISMO MORAL!

GRANDES CORPORAÇÕES, IMPÉRIO DO MAL.

McCain x Obama

por Robson Assis | | 4.11.08 COMENTE!

Quem será que vai apoiar a volta da ALCA? E do NAFTA? Quem defende a omissão às patifarias do Chavez, quem não quer a Rússia por perto? Em consideração ao mundo, você sabe em quem votaria hoje, nos EUA? As respostas não são claras, tampouco fáceis de saber. Quem decidirá pelo futuro do mundo, pelas guerras, pela diminuição da poluição, pela extinção da pobreza. Nenhum deles! As prioridades governamentais são gerar riqueza e lucros em bancos que fabricam dinheiro inexistente, marginalizam a sociedade em dívidas e colocam como seu principal meio de sua sobrevivência, a nossa subserviência. Não, eu não acredito na democracia. Não acredito e acho ridículo acreditar que um cidadão possa decidir por milhares de outros, isso é, no mínimo, inaceitável. Se você não vai com a cara nem do seu vizinho rabugento que conhece a anos, por que acreditaria em alguém que sequer ouviu falar? Sem mais perguntas, a decisão fica a cargo da nossa ilusão, fica pela crença indecorosa de que dias melhores virão.

Para refletir:

Quem será o dono do mundo?
http://noticias.uol.com.br/ultnot/especial/2008/eleicaoeua/infograficos/quiz-bush.jhtm

Documentário:
Orwell Rolls in His Grave (quem quiser uma cópia eu gravo)